quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ConVIVER


“Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” (Amós 3:3)

Fomos criados para a vida comunitária. Aliás, o próprio Criador ao ver aquele que foi feito à sua Imagem e Semelhança zanzando sozinho pelo paraíso, concluiu que “não era bom para o homem viver solitariamente”. Somos feitos para habitar em comunidade, para viver em grupo. Somos seres relacionais. Portanto viver implica em conviver, ou seja, viver com ..., embora esta não seja uma tarefa fácil, tanto que apesar dos milhares de anos que habitamos o planeta ainda ouvimos de guerras, brigas, desentendimentos e separações. Mas também é verdade que apesar de milhares de anos acontecendo isso ainda não nos acostumamos e sempre que uma separação ocorre sentimos, sofremos. Na separação, na briga, no desentendimento, na guerra não há vencedores, só perdedores, à medida que não cumprimos o propósito divino de vivermos, ou melhor, convivermos (com o outro, nosso irmão).
Também o povo de Deus tem experimentado isso ao longo dos séculos. Existem as separações por interesses conflitantes como foi o caso de Abrão e Ló, dois servos de Deus que em determinado momento embora se amassem já não podiam conviver, porque os interesses pessoais estavam em pleno conflito (Gn 13:8, 9). Também existem separações por visões ministeriais diferentes, como foi o caso de Paulo e Barnabé. Embora fossem homens de Deus, mas divergiram porque Paulo entendia diferente de Barnabé em relação à presença de Marcos na viagem missionária (Atos 15:36-41). Existem ainda separações por não suportar o preço a ser pago no discipulado (João 6:66-69). Na linguagem do profeta Amós tudo isso pode ser resumido na seguinte frase: “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?”
Conviver é uma necessidade, mas para experimentar a convivência que agrada ao Criador é necessário que haja harmonia e isso vem a partir de entendimentos e acomodações. Viver em comunidade requer a compreensão de que minha relação como o outro é feita de direitos e deveres. Mais que compreensão é preciso vivenciar a verdade de que “meu direito termina onde começa o direito do outro”. Sem isso fica impossível a convivência e daí surgem os conflitos, as divisões, as separações. Verdadeiramente sem acordo não é possível andar junto.
Erram os que imaginam que estes problemas não podem existir no meio do povo de Deus. O mais importante no meio do povo de Deus, não é que não temos estes problemas, mas como os resolvemos. Mais importante que as separações é como ficam as relações depois delas. No caso de Abrão e Ló, jamais se ouviu nos lábios de qualquer um deles palavras de desafeto ou de maldição em relação ao outro. No caso de Paulo e Barnabé, sabemos que depois de algum tempo o próprio Espírito convence o Apóstolo Paulo a ponto dele se sentir à vontade para reconhecer que o ministério de Marcos é uma bênção para o próprio Paulo (II Tm 4:11). Bom seria se aprendêssemos com Pedro que antes de dividir e abandonar o ministério chegar à conclusão extraordinária: aquilo que nos une deve ser sempre maior do que aquilo que eventualmente poderia nos separar – “ir pra onde, Senhor. Só tu tens palavras de Vida Eterna?” (João 6:68).

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