segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Parábolas - Filho Pródigo I

Gosto da parábola do “filho pródigo”, talvez porque haja ali mais da minha própria história do que gostaria de admitir. Mas também porque vejo ali o amor de Deus sem as ranhuras religiosas. Amor que aceita os inaceitáveis, que perdoa os imperdoáveis, que acolhe os desprezíveis e que não é só sentimento, mas ação.
Há uma grande verdade sobre o impacto desse amor na vida daquele que o experimenta. Uma vez que se conheceu o amor do Pai não se é morador da terra distante. Mesmo que viva entre os habitantes da terra distante, seu coração já foi marcado e mais cedo ou mais tarde isso fará toda a diferença, e será o indicativo que o fará sentir falta de casa e vontade de voltar. Quem conhece o amor mesmo que more longe é filho, ainda que rebelde, mas jamais morador da terra ... Quero convidá-lo a dar uma olhada nas personagens desta história ...
Morador da Terra Distante
Na parábola e na vida há pessoas que vivem longe da casa do Pai. Existem pessoas que nem sabem do generoso coração do Pai e se sabem alguma coisa dele provavelmente o sabem de forma distorcida. Mas o pior é que o modelo de bondade e de graça não alcançou os seus corações, nem moldou as suas relações. Lá, na terra distante, as pessoas vivem um mundo cão. O mundo longe da casa do Pai é o mundo do “salve-se quem puder”. Lá as relações são extremamente egoístas, a exploração do homem pelo homem não só é tolerada, mas estimulada e quem assim não age é considerado ‘ingênuo’. O texto bíblico e a vida real nos revelam esta exploração na realidade das prostitutas vendendo os seus corpos e sua dignidade aos solitários e fanfarrões, que na tentativa de desfrutar algum prazer exploram o outro e compram sua dignidade. Na terra distante as pessoas buscam no prazer dar sentido à sua pobre vida. Exploração presente também na vida dos pobres trabalhadores que lá tanto quanto aqui, vivem desejando comer o que comem os animais, como diz a canção "tem muita gente por ai querendo levar uma vida de cão. Eu conheço um garotinho que queria ter nascido um pastor alemão", mas são escorchados por seus donos/patrões. Na terra distante os habitantes exploram uns aos outros, o enganador de hoje é o enganado de amanhã. É o mundo das falsas amizades, dos amigos cuja lealdade só pode ser sentida a medida que duram o status e os bens – quando caiu em desgraça todos se afastaram/afastam. É o mundo da solidão, do choro no travesseiro sem haver quem console, é o mundo da desesperança, da dor de se estar só quando o seu mundo está ruindo, na dor de não ter com quem contar. Na terra distante as pessoas vivem em solidão mesmo rodeadas de pessoas. Infelizmente há pessoas vivendo assim, sem saber que há um lugar de consolo, de acolhimento, de misericórdia e vão reproduzindo o que receberam, tocando em frente, achando que esta é a única vida possível...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

PREMATURO

Nasci antes do tempo, sou de sete meses. Tenho o espírito inquieto, sou um inconformado. Odeio a rotina muito embora reconheça sua importância. Tenho a sensação de que o mundo em que devo viver ainda não chegou, não está completo. Que ainda o estamos construindo. Não estou bem certo se sou assim porque nasci de sete meses ou se nasci de sete meses porque sou assim. Só sei que eu também ainda não sou, estou sendo. Portanto isso me faz uma pessoa sempre em busca de algo, agradecida, mas insatisfeita. Os religiosos me dirão, tentando domar o meu espírito, que deve ser um vazio que só Deus é capaz de preencher, talvez seja mesmo, mas não no sentido em que empregam os termos.
Quero um mundo novo embora esteja agradecido por esse, quero novos relacionamentos, quero e anseio por uma nova realidade. Desejo um mundo que minha alma conhece de tempos imemoriais, mas que hoje está ausente. Sou inundado por uma nostalgia do futuro, do mundo que anseio (re) encontrar.
Nasci antes do tempo, sou de sete meses. Tenho o espírito inquieto, sou um inconformado. Odeio a rotina muito embora reconheça sua importância. Tenho a sensação de que o mundo em que devo viver ainda não chegou, não está completo. Que ainda o estamos construindo. Não estou bem certo se sou assim porque nasci de sete meses ou se nasci de sete meses porque sou assim. Só sei que eu também ainda não sou, estou sendo. Portanto isso me faz uma pessoa sempre em busca de algo, agradecida, mas insatisfeita. Os religiosos me dirão, tentando domar o meu espírito, que deve ser um vazio que só Deus é capaz de preencher, talvez seja mesmo, mas não no sentido em que empregam os termos.
Quero um mundo novo, quero novos relacionamentos, quero e anseio por uma nova realidade. Desejo um mundo que minha alma conhece de tempos imemoriais, mas que hoje está ausente. Sou inundado por uma nostalgia do futuro, do mundo que anseio por (re) encontrar

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Feliz Ano Novo


A vida é feita de ciclos. Quando observo as estações do ano, sinto que assim também é a vida.
Portanto quando um ano termina e outro se inicia faço algumas leituras que gostaria de compartilhar. Não sou daqueles que acreditam que a vida se ordenará sozinha e que o sucesso acontecerá como num passe de mágica porque um ano novo chegou. Mas acredito que toda virada de ano é a possibilidade de um recomeço, de tentar de uma outra forma.
Oportunidade de recomeçar – é como se nosso pedido de perdão pelos erros fosse atendido e a vida nos desse uma chance de recomeçar.
Mas daí para as esperanças mágicas também é uma linha muito tênue. Vestir amarelo na virada do ano, pular sete ondinhas, comer lentilhas ou ir ao culto da virada fará do ano novo um ano diferente. Vã esperança. Há um ditado que diz que a esperança é a última que morre, mas alguém já respondeu dizendo que “há esperanças que devem morrer primeiro”.
Sobre isso tem duas frases maravilhosas: ‘NADA MUDA SE NADA MUDA”. Ou seja se tudo permanece inalterado: se você é o mesmo, se suas práticas são as mesmas, se seus valores são os mesmos – o resultado não pode ser diferente. E a outra frase que diz: “LOUCO É QUEM FAZ TUDO IGUAL E ESPERA RESULTADO DIFERENTE”. Tem pessoas que estão achando que o ano novo fará tudo ser diferente, os resultados serão melhores, os negócios vão melhorar, o amor vai acontecer, a felicidade vai bater à porta, etc, etc. Mas estão repetindo os erros de ontem, estão praticando as mesmas coisas do ano velho. Há uma verdade que diz: “o que o homem plantar isso mesmo colherá”.
O ano novo é uma oportunidade nova de recomeçar, é a vida concedendo perdão e dando a possibilidade de mostrar que aprendeu lições com os erros do passado. Cabe a você aproveitar esta chance e trabalhar para fazer realmente algo novo e diferente.
Feliz Ano Novo!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

OS VENDILHÕES MODERNOS

No mundo pós-moderno adaptar-se é a ordem. Ou se adapta ou se extingue, esta é a lei. A competitividade tem exigido cada vez mais habilidade, por isso não adianta manter-se fiel a métodos ou “visões” se estes não conseguem responder tão rapidamente quanto a concorrência. Inquietação, busca pela excelência, perfeição e tudo isso a baixo custo para conseguir concorrer no mercado globalizado.
O mundo eclesiástico também vive os seus dias de inquietação na busca da excelência nos métodos visando a “concorrência” da religiosidade globalizada, que na cultura pós-moderna virou um grande “shopping”, oferecendo ao cliente uma “espiritualidade sob medida” e a gosto do freguês. Na busca por “novos mercados” e na tentativa de vencer a concorrência têm-se reduzido os custos, inclusive dos nossos valores mais caros e hoje encontra-se no mercado religioso ofertas imbatíveis. O custo tem sido reduzido em muitos casos ao ter, ou melhor a dar o que se tem, mas sem nenhuma afetação no que se é.
Nesta busca por “novos mercados” os “executivos da fé” têm aberto mão da qualidade, o que no mercado globalizado é um erro grave. O mercado exige qualidade e baixo custo. O que se tem oferecido é a redução dos custos à custa da queda da qualidade. Ao invés da religiosidade/espiritualidade que traz esperança tem se consumido a religiosidade/espiritualidade que entorpece (ópio).
No afã de não perder o mercado e até expandi-lo e na busca por adaptar-se aos novos tempos e à lei da livre concorrência, não nos é permitido lançar mão de qualquer método. Todo novo método precisa ser avaliado à luz dos ensinos das escrituras. Sem observar esta regra básica e no afã de crescer, de virar mega a igreja tem se prostituído, perdendo, inclusive toda a sua relevância histórica. As ovelhas continuam desgarradas e errantes, mas destas (quase) ninguém tem compaixão, mas em compensação os títulos estão cada vez mais em voga e as relações humanas estão cada vez mais hierarquizadas. Há igrejas que têm se tornado tudo o que Cristo não gostaria que fôssemos: os lobos e as ovelhas, pastores e mercenários transitam nos mesmos apriscos, com os mesmos “discursos”. CONFUSÃO.
Resgatar a sua relevância histórica é um dever das fiéis, mesmo correndo o risco de estar na “contramão” da globalização religiosa. Perceber a sua missão ao ser deixada na terra e esforçar-se por cumpri-la é agradar Àquele que nos alistou. Ser movido de compaixão pelas vidas dos sem-vida, ser resposta às perguntas feitas pelos sem-voz, enfim fugir do CULTO/ESPETÁCULO que a tantos tem atraído e traído a verdadeira vocação da igreja.
Ser igreja de Jesus é ser serva, disponível e comprometida com o Projeto do Reino de Deus. É ser igreja onde a vida do Cristo é destilada nos relacionamentos com os de dentro e os de fora. Onde o amor/graça é o cimentador dos relacionamentos.

Oração: Ó Eterno, nestes últimos dias firma os nossos pés para não vacilarem diante das tentações eclesiásticas. Não nos deixe cair na tentação mercadológica de fazer das tuas ovelhas negócio.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Saudade de Deus

Ouvi dizer da dificuldade que é expressar na língua inglesa o significado de saudade. Não é fácil, porque saudade é algo tão típico das línguas latinas e tão peculiar da nossa sentimental alma brasileira que não encontraria paralelo no pragmatismo anglo-saxão. Uma definição que particularmente gosto é a de um teólogo brasileiro, homem de Deus (ele riria se pudesse ler isso): “saudade é o bolso onde a alma guarda aquilo que provou e aprovou”.
Diz ainda Rubem Alves que saudade quanto mais se tenta explicar, na língua inglesa, mais se vai acumulando retalhos. Até parece que este sentimento só continua sendo bem expresso pela palavra saudade. Coisas da língua portuguesa.
Mas por certo cada um a quem me dirijo, ainda que não saiba definir com palavras o que significa saudade, sabe bem do que estou falando, pois também sente AQUELE NOSTALGIA de alguma pessoa ou coisa da qual está separado e que por um instante lhe é dado o direito de tê-lo em lembrança ao sentir um cheiro, um gosto ou ao ouvir uma música ou outra coisa que o desperte magicamente.
Deus também sabe o que é saudade. Ele sente saudade. Saudade de nós. Na sua alma (me perdoem os que não crêem que Deus tem uma alma) Deus guarda a vontade de nos ter ao seu lado. Deus sente saudade de nós, gostaria de nos ter de novo no seu jardim. Desde que partimos lá também ficou sem graça, sem brilho, virou lugar da saudade, das memórias tristes (o por do sol também é triste por lá) e o criador na virada de cada dia se lembra dos bons tempos, e gostaria de ter-nos novamente em casa ...
Uma das cenas mais ternas e dramáticas da bíblia, eu encontro no relato da criação. Aquele que nos fala da criação de tudo (um a um). Tudo criado, o homem e a mulher são criados por Deus para relacionar-se com Ele, viver em comunidade e exercer a administração gerencial dos recursos naturais. E tudo havia recebido de Deus um curto, mas perfeito diagnóstico de que era bom: “Viu Deus tudo quanto fizera e eis que era muito bom”... e belo (Gênesis 1:31). Mas o relato seguinte, quando se aborda o conflito de relacionamento entre a criatura e o seu Criador e onde emerge a figura da serpente aparecendo entre um e outro encontro do Criador com a criatura e esta parece estar muito longe de ouvir a sua voz e responder à sua sede de encontro.
A cena é extremamente humana e aconchegante, mesmo que o ambiente esteja carregado e o silêncio seja tão pesado. DEUS VEM VISITAR OS SEUS FILHOS, na virada do dia, hora da saudade da alma. Num primeiro momento nem presença, nem a voz de Adão e Eva são sentidas, e só surgem após alguma insistência por parte do Pai.
Gosto da expressão “virada do dia”, entardecer, sol “caindo”, a revoada de pássaros ao redor da copa das árvores, céu avermelhado. No interior era a hora da visita dos amigos ou mesmo dos filhos aos seus “velhos”, hora sagrada. Tomar cafezinho e bate papo na casa do pai. A hora da saudade da alma. É nesta hora que Deus “sai de casa” e vai à casa dos seus filhos – comer bolo de milho e tomar um gole de cafezinho na mesa da cozinha ao lado do fogão de lenha. Veio só para dizer que se importa, que nos quer, que tem saudade de nós, que gosta de estar com os homens e mulheres que criou e que gostaria de sentar numa roda pra conversar conosco.
Mas quando chega o criador dá com a cara na porta. De fato, a cena é ainda mais dramática. Quando eles desconfiam que Deus está se aproximando, fecham a “casa” e vão se esconder no matagal, lá longe. Eles não querem se encontrar com Deus. Temiam a reação por isso fogem. Reação de criança que não morre dentro de nós – fugiram. Temiam o encontro com Deus e também consigo mesmos: Não querem assumir a gravidade do que fizeram nem as suas conseqüências. Temiam pois sabiam que estar diante de Deus é como estar diante do espelho da verdade. A presença do Eterno os impeliria à reflexão, dor, choro, restauração e conseqüente transformação. Aproximar-se de Deus é arriscar-se à mudar. Eles não gostam de pensar nisso, preferem fugir: “ouvi a tua voz no jardim, e, temi, porque estava nu, e me escondi”. Começam a jogar a culpa adiante. Novamente parecem crianças balbuciando desculpas esfarrapadas ao invés de assumirem e voltarem atrás. A continuidade da conversa é catastrófica. MAS DEUS NÃO DESISTE DE NÓS. E assim o tempo e o espaço são testemunhas da voz de Deus que ecoa: “ADÃO, ONDE ESTAS?’
Ele nos busca e por vezes nos escondemos e por isso parece que Ele não vai nos encontrar. Quando chega não nos acha nem ouve a nossa voz. Fugimos. Mas Ele insiste até nos encontrar. Deus continua procurando seus filhos fujões, perdidos, quer encontrá-los para matar a saudade, a cena é tão forte na parábola do filho pródigo.
Há quem pense num Deus que busca para punir, para requerer explicações, mas na cena da parábola o mais importante é abraçar, beijar, festejar, as explicações não só não são requeridas como são ignoradas, o mais importante é beijar e receber o filho que voltou, é saber que de agora em diante a alegria voltou à casa.

Ele está com saudade, deseja o reencontro, quer festejar, não feche a porta.

sábado, 5 de janeiro de 2008

C0NTO DOS MEUS QUARENTA ANOS

Hoje acordei com uma sensação estranha, algo mudou em mim. De agora em diante todas as vezes que perguntarem quantos anos já vivi terei que responder algo terminado em ENTA, agora há uma uniformidade até completar um século, então serei ENTO. Tenho medo das uniformidades, sou avesso a elas. Terei que achar tudo que é jovem enjoativo, acho que não estou preparado pra ser um ENTA. Agora terei que amadurecer, o diabo é que depois do amadurecimento vem o que? Se não me engano no mundo vegetal quando algo passa do amadurecimento entra no “PASSADO” e depois no APODRECIMENTO, acho que não estou preparado pra isso também não. Mas os meus amigos me consolam dizendo que a vida começa aos quarenta e eu cético pergunto, será? Se a vida começa aos quarenta, então o que foi que experimentei até agora? Pergunto isso porque às vezes me sinto como Casemiro de Abreu: “Ai que saudade da aurora da minha vida ...”, mas pra citar Casemiro de Abreu tem que ser ENTA, pra isso eu estou preparado. Pergunto isso porque quando vejo os ENTA que já vivi e vejo tantas histórias, tantas lágrimas derramadas e tantos risos que dei, não posso acreditar que a vida ainda não começou. Dos ENTA que já vivi 14 dediquei a Itinga da Serra e as pessoas amadas que lá deixei. Lembro do meu chão, do meu torrão, da gente simples, do pé de acácia, das laranjas roubadas, da primeira namorada, das quermesses. Lembro de amigos (daqueles que juramos que serão nossos amigos para sempre e que já nos esquecemos), a primeira professora Lindaura, dos vidros quebrados da igreja matriz, das pescarias com meu pai (como tenho saudade do seu olhar e do seu coração materno), do peixe assado na beira do rio, do beiju comido no meio da feira, do fogão de lenha da minha vó (Dindinha, Dona Maria do Nelson – que mulher de fibra), do pé de goiaba, do pão quente no fim da tarde na venda do Zé de Martins e da comida saborosa de Dona Eliete, uma guerreira ousada – sabores inesquecíveis que tem o gosto da saudade. O último natal passado na Grande Família, parecia me despedir, inesquecível. Dos meus ENTA, 3 dediquei a me reencontrar na cidade grande. Aqui perdi a minha identidade, virei Sergipano, eu era simplesmente o Sergipe, muito embora nunca, jamais tivesse pisado os meus pés em qualquer lugar que não fosse a Bahia, mas a minha fala, diziam os soteropolitanos que eu não falava, cantava. Como as pessoas podem ser tão cruéis. A minha timidez me fez afundar, quase desapareci. Antes eu tinha nome, sobrenome, tinha pai, mãe e família grande, agora eu era simplesmente o Sergipano, odiei esta cidade e por três anos vivi um sonho, voltar. Eu que vim pra grande cidade pra sobreviver. Como tantos outros vim como um retirante, sem eira nem beira, “um rapaz latino-americano, sem parentes importantes e vindo do interior”, mas que nutria um sentimento, um desejo: voltar. Não deu pra cumprir o prometido. Como chorei, como sofri, vivi a minha grande tribulação por longos três anos e meio. Fui me acostumando e vivi dois anos mortos, deles quase não tenho lembrança e nenhuma saudade, senão de uma ou duas situações.
Então fui ao seminário. Ah! Seminário. O Velho Navio Negreiro, poucas pessoas no mundo saberão o que significa o Velho Navio Negreiro. Só os membros da confraria. Quatro anos, dez por cento dos ENTA, passei no seminário, nunca tinha me dado conta disso, mas valeu a pena. Quanta saudade da Colina, dos banhos, das crises, das peladas, da biblioteca, das noites insones estudando para o GQ – eu até já esqueci o que significa GQ, mas era terrível quando chegava a véspera do GQ. Banhos de piscina escondido no Colégio Batista, as bombas nos corredores, a irresponsabilidade, o compromisso de construir uma história, de manter uma tradição quebrando o tradicionalismo. Lá aprendi a pensar, a discordar amavelmente. Tantos professores dentro e fora da sala de aula. Gente que se foi antes do combinado, outros se perderam no caminho, outros tantos permanecem aí lutando pra manter vivo o sonho de uma sociedade mais justa e mais humana. Lá vivi amores e decepções, chorei e fiz alguém chorar, briguei, bati, vivi.
Dá pra perceber como acordei estranho hoje? É como se tivesse que me reconciliar pra recomeçar. Tivesse que encontrar tempo pra me reencontrar. Os meus muitos “eus” – tenho medo de dizer isso perto dos religiosos, podem identificar isso como “legião” e podem querer me exorcizar, mas eu gosto de todos eles e se umzinho só for mandado embora, não serei mais o mesmo – mas como dizia, preciso me reencontrar com todos os meus “eus” para que possamos prosseguir na segunda parte dessa jornada. Que alguns dizem que ainda não começou e daí surgiu esse meu questionamento que não me permite avançar até tê-lo completamente resolvido. Se ainda não começou como explicar os meus 14 anos na CORDEIRO, como escrever a história da minha vida sem incluir pessoas, rostos, histórias, dores, alegrias, nascimentos e mortes experimentados e vivenciados ao logo dos últimos 14 anos. Neste tempo me casei, perdi meus pais, que agora estão encantados (Guimarães Rosa), recebi minha filha, um presente de valor inestimado, eu a olho sempre com o olhar de quem se despede. Não sei quanto tempo teremos um ao outro.
Se é verdade que ainda não comecei a viver o que dizer dessas cicatrizes, cada uma com sua história, com sua dor, sua derrota, sua vitória e seu riso? Se não comecei a viver como explicar tanta saudade, tanto desejo de reencontro, tantos momentos eternizados na minha memória?



Escrito em 11 de agosto de 2006

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

ALEGRE-SE


O salmo 100 (jubilate, isto é, alegrai-vos), inicia chamando as pessoas a “cantar com alegria”. Um dos ensinos deste salmo é que a característica marcante da nossa vida deve ser a alegria.
As razões para a alegria são listadas no contexto do próprio salmo. NO salmo anterior (salmo 99) lemos: “o Senhor reina”.
Alegre-se porque o Senhor é Deus (v. 3) e Ele reina. Os reinos humanos passam (Isaías 6:1), a glória humana se desvanece (Mateus 6:29), até mesmo os problemas, tristezas, oposições e aflições que passamos não duram para sempre (salmo 30:5), mas o Senhor e o seu reino duram para todo o sempre “vi ao Senhor assentado num alto e sublime trono” e “O Senhor reina, tremam os povos; ele está entronizado acima dos querubins” (Isaías 6:1; Salmo 99:1).
Alegre-se porque você pertence a Ele (Salmo 100:3). Você pertence a Ele, é povo dele por criação e por redenção. O Senhor Jesus pagou o preço por sua vida e agora você é dele (I Pedro 2:9, 10).
Alegre-se porque o Senhor é o seu pastor (v. 3). É Ele quem lhe guia, lhe protege, lhe leva as águas tranqüilas e aos pastos verdejantes. É Ele quem lhe guarda quando você está atravessando o vale da sombra da morte e que com a sua vara e o seu cajado lhe protege (salmo 23).
Alegre-se porque o Senhor é bom e a sua bondade e a sua fidelidade não tem fim (v. 4). A Palavra diz que “as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não tem fim; novas são a cada manhã; grande é a tua fidelidade” (Lamentações 3:21, 22).
Por tudo isso: Alegre-se. O salmista chama: “Entrai pelas portas dele com LOUVOR, e em seus átrios com hinos, LOUVAI-O, e bendizei o seu nome”. Alguém ainda poderá estar se perguntando se apesar de todas as lutas e problemas que tem atravessado também deve louvar. O próprio salmo responde a esta questão: “Celebrai com júbilo ao Senhor, TODOS OS MORADORES DA TERRA”. Isto inclui você. Alegre-se porque o Senhor é Deus, porque o Senhor reina, porque você pertence a Ele, porque Ele é o seu pastor, porque Ele é bom e a sua bondade e a sua fidelidade são eternas. Faça da alegria a sua expressão de louvor.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Batismo de Fernanda





Um dia muito especial 30/12/07. Fernanda entendeu a graça e entregou-se à ela.

APRESENTAÇÃO

Seja Bem Vindo ao Caminho de Graça!!


Minha proposta é que este seja um espaço onde você possa se assentar à sombra da graça, reabastecer-se emocional e espiritualmente e assim revigorado poder reiniciar a sua caminhada disposto a destilar a graça sobre a vida dos outros peregrinos.

Desejo ainda que este espaço lhe aponte a direção para as pastagens verdes e as águas tranquilas onde possa descansar desse sol causticante que muitas vezes tem nos afligido, enfim desejo que sua estada aqui seja, no seu caminhar diário, espaço de bondade, de verdade e de paz.



Roberto Amorim