terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A ÉTICA DO DEM

Quando o assunto é corrupção política nenhuma cidade ganha de Brasília, por razões óbvias, lá está o supra-sumo da 'esperteza' política de cada estado brasileiro. Mas Brasília conseguiu se superar e agora é capaz de mostrar que além de importadora é produtora e exportadora de corrupção e de que os seus corruptos são SEMP TOSHIBA: mais criativos que os corruptos dos outros. Os corruptos de Brasília conseguem unir o moderno: dinheiro na meia, propina do panetone, com a tradicional corrupção coronelista brasileira: compra de testemunhas, intimidação, falsificação, obstrução das investigações e tentativa de atrapalhar o andamento do processo na justiça.
Corrupção em Brasília já não dá ibope, não chega a causar surpresa nem na Pollyanna. Os valores envolvidos já não causam espanto. São sempre milhões. Todos sabemos que os valores surrupiados são suficientes para construir milhares de casas populares, minimizando o eterno déficit habitacional brasileiro, ou comprar equipamentos que saneariam o problema de saúde no Brasil. São sempre valores astronômicos. Mas duas coisas são de causar surpresa quando o assunto é corrupção política no Brasil.
A primeira, é a desmemorização do povo, o Arruda já tinha sido acusado de corrupção e teve que renunciar ao mandato para não ser cassado e perder os direitos políticos por quase uma década. No ano seguinte à sua renúncia voltava ao parlamento como deputado federal e quatro anos depois é eleito em primeiro turno governador do DF, com mais de 50% dos votos válidos. Será que somos masoquistas? Será que encaramos os políticos como um mal necessário e como justiceiros divinos, usados pelo Criador, para nos punir por nossos pecados nesta ou noutras vidas? Alguém já afirmou: “povo desmemoriado, povo vilipendiado”.
A segunda coisa que me chama atenção é a ética dos partidos. Neste caso do DEM, partido dos corruptos de Brasília. Numa tentativa de parecer um partido sério e que não tolera a corrupção, o DEM tão logo percebe que um dos seus filiados tem o seu modus operandi corrupto descoberto, e que haverá prejuízo à imagem do partido e que sua reputação poderá ficar manchada, resolve desfiliar o dito cujo. E com isso esperam que as reportagens dali por diante se refiram ao meliante como um “sem partido”. Fico imaginando se uma empresa aérea resolvesse usar do mesmo expediente após a queda de um dos seus aviões e com medo da sua imagem ficar machada e sua credibilidade afetada e com isso perder clientes, ordenasse que alguém corresse ao local do acidente e apague a logomarca da empresa da fuselagem do avião caído, desfiliando-o da companhia. A imprensa a partir daquela hora deverá se referir ao acidente como o acidente do avião sem companhia. Apesar dessa atitude estética isso não melhoraria em nada nem a segurança dos vôos, nem melhoraria a imagem da companhia perante os passageiros que tivessem um QI mediano. O que traria resultado mais significativo e duradouro seria a companhia aérea prezar pela aquisição de aeronaves mais confiáveis, confortáveis e seguraras, prezar por uma boa manutenção nos equipamentos existentes e assim garantir que não tenhamos mais notícias de acidentes que sempre deixam famílias chorando a dor da perda de entes queridos. Da mesma sorte o DEM deveria, antes de querer descolar a sigla partidária do corrupto apanhado em pleno ato de corrupção, prezar, ainda que com prejuízo eleitoral momentâneo, por filiar pessoas cujo histórico de vida não incluíssem cassação, condenação judicial ou comprovada inidoneidade moral.
A verdadeira, pior e mãe de todas as ‘corrupções’ é a hipocrisia, a dissimulação. A ética do DEM é a ética da hipocrisia, que não trata por dentro, nem de dentro pra fora. É a ética da indignação aparente. É o arrependimento não pelo pecado cometido, mas a confissão por ter sido pego, por se ver exposto e não ter como negar o crime cometido, bem no estilo Arruda quando apanhado no escândalo do painel junto com ACM, cacique do DEM, outrora travestido de PFL. A coisa mais deplorável desse episódio todo não é o crime do Arruda e dos seus asseclas, por isso já esperávamos, já sabíamos que aconteceria, pois é inerente à maioria dos políticos brasileiros independentemente de partido. A pior e mais grave corrupção e que ainda causa alguma indignação é a hipocrisia dos paladinos da moralidade com sua ética do DEMO.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

FAZ POR TI QUE EU TE AJUDAREI

O texto mais citado da bíblia por aqueles que não a conhecem não está escrito na bíblia, mas bem que poderia estar. Isso me faz lembrar a história de uma senhora que após citar uma suposta porção das Sagradas Escrituras é surpreendida com a repreensão do sacerdote de que tal texto não estaria no livro sagrado e ela não se intima e responde: “Oh! que pena. É tão bonitinho, merecia estar”.
Embora o tal texto não esteja na Bíblia, por certo o seu princípio tem pleno respaldo bíblico. Diz a escritura: “Preguiçoso, aprenda uma lição com as formigas!” (Pv 6:6). E ainda: “Esforça-te e tem bom ânimo” (Js 1:6). O que nem precisa grandes recursos de interpretação para se perceber que se trata do mesmo assunto e a mesma verdade está em ambas tanto na citação popular quanto no texto sagrado. Além disso, é preciso entender que existem muitas verdades no bom senso e na sabedoria popular.
Vem do Século XVI a verdade expressa na frase: Ora e Trabalha. Mais recentemente uma frase de pensador desconhecido reflete sobre a frase beneditina e afirma: “Ore como se tudo dependesse de Deus. Trabalhe como se tudo dependesse de você”.
Portanto quer na sabedoria popular ou erudita, quer nos textos sagrados, aprendemos uma verdade que precisamos praticá-la. Não existe sucesso sem trabalho, aliás, alguém já disse que “o único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”. Um pensador cristão afirmou: “oração sem ação é presunção”. Aliás, o Apóstolo Paulo afirma categoricamente: “Quem não quer trabalhar que não coma” (II Ts 3:10), numa clara advertência àqueles que queriam fazer da espiritualidade uma forma de ganho fácil e de dependência mórbida, uma tentativa de usar a fé em proveito próprio.
Assim podemos concluir que esforçar-se, fazer algo por si mesmo, levantar cedo e correr atrás é um bom começo, sabendo que se não dependermos de Deus, se não contarmos com sua ajuda podemos estar trabalhando em vão (Sl 127:1-2). Nos ditos populares podemos afirmar a mesma coisa dizendo: Deus ajuda quem cedo madruga ou Faz por ti, que Eu te ajudarei.