terça-feira, 29 de dezembro de 2009

COMEÇAR DE NOVO

Certa vez uma jovem, depois de ouvir um sermão sobre a dor e o choro, disse ao pregador: “eu nunca chorei”. E o sábio, velho pregador declarou: “a vida lhe ensinará”. Mesmo sendo uma experiência comum à todas as pessoas, tem muita gente que ainda não aprendeu a lidar com ela. Muita gente que conheço sucumbiu diante da dor e da perda. Muita gente desistiu da vida por causa dos insucessos e até dos constantes fracassos. Somos a geração do analgésico, que aprendeu um jeito de dar um jeito na dor, de driblá-la, de evitá-la. Há muita gente ainda esperando a vida dos contos de fada e mais, tem muita religião por ai prometendo uma vida sem problemas. Quando esta gente descobrir que a vida não é bem assim, vai dar um nó no juízo e na fé.
Davi, homem acostumado às vitórias, coleciona também momentos difíceis. Ele sabia e nos ensina que a vida nem sempre é um mar de rosas. O desafio é tirar lições da sua vida, que nos ensinem a agir proativamente diante da perda e da dor, como dar a volta por cima, como começar de novo.
No evento de II Samuel 12 vemos que diante de uma grande batalha, mesmo quando parece perdida, é preciso aprender a não desistir antes da hora. Veja bem, o texto diz que Davi não jogou a toalha. Só se deu por vencido quando não tinha mais um grama de esperança, quando viu que a profecia terrível se cumprira e que aquela situação era imutável (II Sm 12:2-17). Mas até isso acontecer Ele nos ensina a acreditar sempre, a fazer o possível pra vencer, pra prevalecer. Não desista antes da hora. A primeira grande lição desse episódio é Acredite Sempre que tudo vai se resolver, invista o seu melhor pra vencer. Pense como um vencedor e viva como tal. Outra lição pra quem quer vencer sempre é: Faça de Deus seu Aliado - Buscou a Deus – jejuou e se prostrou. Ele acreditou que Deus resolve tudo, tem poder até de reverter a palavra profética (conf. Ex 32:14; II Re 20:1-11). Davi acreditava e nos convida a acreditar na bondade e misericórdia do Senhor (Salmo 23:6), acreditava que Deus pode reverter o processo (João 11:44). Deus pode resolver qualquer problema. Mas tem gente com medo de palavras de maldição, se assombrando por causa de praga, de agôro. Busque a Deus agora e faça dEle seu aliado nessa batalha. “Trabalhe como se tudo dependesse de você e Ore como se tudo dependesse de Deus”. Mais uma lição pra Começar de Novo é Aprenda que Tem Hora pra Tudo, até pra MUDAR. Em Eclesiastes 8:5 aprendemos que “o sábio sabe o tempo e o modo”. Seja sábio. Davi estava orando, buscando, sofrendo, mas sentiu a mudança dos tempos, sentiu a mudança do humor dos seus empregados, percebeu a tristeza dos seus semblantes e concluiu que o ciclo se fechara. Concluiu que era hora de mudar. Davi acreditava, mas não vivia de ilusão e engano. Sabia que mesmo um homem de Deus pode experimentar adversidades e insucessos. Aceitou e partiu pra outra. Não ficou se lamentando da sorte ou murmurando da vida. Se caiu, fracassou, perdeu e sofreu e isso é fato consumado, levante, sacuda a poeira de ontem e comece a caminhar em direção à sua nova vida.
Resumindo: Não desista antes da hora: acredite que tem jeito, faça de Deus seu aliado, aprenda a discernir: se é tempo de acreditar, creia, se é hora de seguir em frente apesar das perdas e da dor, faça isso agora. O ano está começando e pode ser o melhor ano da sua vida, das maiores conquistas, das maiores vitórias. Tudo vai depender das suas decisões diárias. Creia e viva como que crê.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O VERDADEIRO NATAL

O comércio está a pleno vapor. Nunca se vendeu tanto como neste natal, vende-se de tudo. O consumo está em alta. São tantas as ocupações e preocupações que quase não se lembra do aniversariante. Muitos nem associam o natal ao nascimento de Jesus, e dos poucos que lembram sabem apenas o nome e nada mais,. E o natal vai sendo entendido e vivido como a festa do panetone e do Papai Noel.
Mas ouso dizer que natal é um épico diário. O fato histórico revela o embate nosso de todo dia. Suas implicações não estão limitadas às vielas e lugarejos da Palestina do século I. A cada raiar de dia nos vemos diante da mesma história, das mesmas decisões. Como aquele programa diário com sua trama conhecidíssima mas que nos apaixona cada vez que é encenada. Diz o livro sagrado: “veio para os que eram seus” – veio para encontrar-se com todos os homens e mulheres, para todos os viventes, de todas as raças, de todas as religiões, de todos os continentes, de todas as épocas. “Mas aqueles que deveriam lhe receber, lhe rejeitaram”. Aliás, sempre foi assim desde o Paraíso – lá também, um dia, Ele saiu da sua comodidade e veio ao encontro daqueles a quem amava, veio só dizer que os amava, veio só dizer que se importava – diz a Escritura que “Ele escolheu a hora do vento suave e veio passear pelo jardim e visitá-los”. Quando procurou por eles, encontrou a casa fechada, bateu, chamou, bradou e então se deu conta de que não era bem vindo, que sua presença incomodava, como uma visita inconveniente, indesejada. Numa outra linguagem: “Ele era a luz, veio acabar com as trevas, mas aqueles que vivam em trevas não o receberam”. O outro nome para Ele seria o rejeitado das nações, o rejeitado pelos homens. Quando precisou nascer e buscou um lugar para vir a este mundo bateu em muitas portas e em todas elas um só aviso: NÃO HÁ LUGAR. Para os amigos cedemos a nossa cama, damos o melhor, mas pra Ele não encontramos um cômodo sequer, ainda que fosse a manjedoura.
Falo do natal como um épico diário, porque o amor dEle é insistente, não é amor como o de Papai Noel, amor de uma noite apenas. O amor de Papai Noel é amor ficante, o amor dEle é ágape, sacrificial, diário, permanente, amor que nem a morte é capaz de separar. E por causa desse amor apaixonante, Ele insiste em nos mandar o recado diário, como um amante apaixonado, que insiste no seu amor e com seu amor, mesmo sabendo-se não amado, mesmo sabendo-se indesejado. A cada manhã Ele insiste em bater a nossa porta, em nascer em nosso coração, movido por um amor incontrolável insiste. A cada Natal reafirma a disposição de perdoar, de recomeçar. A cada Natal nos diz que seu desejo de reencontrar-nos permanece inalterado. Avisa que não veio nos acusar, que só veio dizer que nos ama. Que deseja nos levar de volta ao lugar do jardim, onde o vento suave sopra. Veio dizer da saudade que sente de nós, veio revelar o seu desejo de reencontro com seus filhos, embora muitos insistam em bater a porta na cara, olhar com indiferença, odiá-lo ou simplesmente ignorá-lo.
Abrir o coração, a casa para que Ele nasça é ganhar como presente o direito, o poder de ser considerado Filho legítimo. O desafio vivido pelo Natal verdadeiro é receber a vida como um dom, um presente, é saber-se abençoado, desejado, amado e protegido. Mas é também, saber viver a vida como uma doação, é reproduzir em seus relacionamentos a mesma paixão avassaladora, apaixonante, que inclui, que perdoa, que abençoa.
O verdadeiro natal não é aquele que celebramos no dia exato do nascimento de Jesus, não é aquele que celebramos nas mesas fartas, nos presépios, nas cantatas ou nos amigos secretos de amor forçado. Natal verdadeiro não se dá quando apenas celebramos o evento do século I como se fora um evento estanque, histórico apenas, mas quando permitimos que a luta épica entre o bem e o mal seja travada dentro de nós, quando nos permitimos ser a manjedoura, quando experimentamos a visita dos anjos declarando que o menino nasceu, quando nos permitimos adorá-lo com nossos presentes, quando dizemos com Simeão: os meus olhos viram a salvação.
O Natal é um evento cósmico, universal de dimensões eternas, mas que só é real quando acontece aqui ou aí dentro do coração.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

NOVOS NOMES, VELHAS PRÁTICAS

Hoje acordei com um sentimento de desânimo. Tenho saudade do passado, sou até piracêmico, gosto do gosto do passado. Amo o passado, mas apesar disso e até de maneira antagônica, tenho os meus olhos voltados para o futuro. Estou absolutamente ciente que o novo sempre vem.
Acordei desanimado não porque o novo chegou, mas porque ele chegou com gosto de “mau passado”. Desanimei porque percebi que não avançamos, que estagnamos, que apesar das novas personagens, as práticas são antigas. Se temos novos nomes, continuamos com as velhas práticas, isso vale tanto para religião quanto para política.
Desanimei porque percebi que apesar das lutas, dos exílios, de tantas lágrimas, de tantos sonhos compartilhados e dos corpos estendidos ao longo do caminho percebo que parece que não valeu à pena, que não saímos do lugar, que andamos em círculos, e pior, retrocedemos, involuímos.
Desanimei porque percebi com o poeta que “meus heróis morreram de overdose e os meus inimigos estão no poder”, porque percebi também que necessito de uma ideologia pra viver. Desanimei porque apesar do sonho que ainda tenho, hoje ele parece mais distante que nunca. Desanimei porque percebi as novas personagens como zumbis, reencarnações de velhas personagens com suas atitudes e práticas carcomidas, travestidas de novos ideais. Desanimei porque quando olho nos olhos desses zumbis vejo a velha alma, o espírito de outrora como num filme trash, voltando para assombrar e para impedir que o verdadeiramente novo se instale. Como diria um velho sábio popular: mudam as cóleras, os cães são os mesmos, por isso acordei desanimado. Mas amanhã, bem amanhã, quem sabe ...