sexta-feira, 26 de novembro de 2010

FELIZ VIDA NOVA

“Você pensou e não se realizou, tudo se resolve no ano que vem”, assim vai vivendo a humanidade. Por conta desta filosofia para muitos a única coisa que diferencia um ano do outro é o número: 2008, 2009, 2010 ...
Não tenho dúvida de que Deus tem pensado e planejado um ano cada vez melhor para a vida dos seus filhos. Mas persiste uma pergunta: se Deus planeja, pensa, porque as coisas não estão diferentes? A resposta é simples, porque nós não fazemos a nossa parte. Para o milagre acontecer precisamos de Deus, mas Deus conta conosco. Nós somos parte importante para que o milagre aconteça em nossas vidas. Para o extraordinário acontecer precisamos de: Sonho, Trabalho e Fé.
Deus planta um sonho no nosso coração, nós o recebemos, nos o alimentamos. Sonhar acordado é o que nos faz sair do lugar onde estamos para o lugar onde Deus quer que estejamos. Mas sonhar só não é suficiente para mover nada. É preciso sair, agir, fazer acontecer. Gastar-se por aquilo que se acredita. Trabalhe como se tudo dependesse de você. Mas é preciso manter a humildade sabendo que se Deus não for adiante, de nada adianta ir. Disse Moisés: se o Senhor não for comigo, não me deixe sair deste lugar. O Salmista diz: “inútil vos será levantar cedo, dormir tarde, comer pão de dores”. Sem Deus não iremos muito longe. Crer que Deus é poderoso para fazer muito mais do que sonhamos, pensamos ou pedimos. Crer que Deus fará o impossível acontecer.
Você pensou e não se realizou? Muitos experimentaram isto em sua vida, mas aprenderam a lição com erros passados, recomeçaram e experimentaram muito mais do que jamais pensaram. Moisés por exemplo tinha o sonho de libertar o seu povo, agiu erradamente. Pensou e não se realizou, mas viveu seu aprendizado no deserto e voltou sob a direção de Deus e se tornou o grande libertador da sua gente. Pensou e não se realizou ... aprendeu ... se preparou ... trabalhou ... creu ... fez o impossível acontecer. Você também pode ... aprenda com seus erros, mas especialmente com os erros dos outros, se prepare, recomece, trabalhe e creia ...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ESPIRITUALIDADE

Na babel religiosa evangélica brasileira um único termo pode ter várias interpretações e aplicações. Algo simples termina por se tornar algo extremamente complexo. Para determinados grupos orar já não basta, tem que se orar da “forma” certa. Até o nome de Jesus já tem um determinado grupo que afirma que quem não pronunciar o nome certo, da “forma” certa, terá problemas burocráticos nos portões celestiais.
O evangelho é a “fórmula” simples de Deus para salvação de todas as pessoas. É o caminho santo de Deus e como diz a Escritura é tão simples que “nem os loucos erram o caminho”. Mas esta simplicidade tem se perdido ao longo dos anos, das décadas e dos séculos e alguns grupos criaram tantas regras que precisamos de novo que Jesus nos diga: “tendes ouvido ... eu porém vos digo”.
Mas ao longo da caminhada cristã tenho encontrado pessoas despersonalisadas, “libertos” com as mentes divididas, salvos pela graça que parecem carregar o fardo do legalismo, evangélicos que parecem viver debaixo da lei. Tenho encontrado “louvor” sem alegria, só macaquice, mera repetição de palavreado, mas sem vida verdadeira. É o evangelho das fórmulas prontas, das frases feitas: tá amarrado, tá repreendido, eu recebo, Oh! glória!, etc.
Espiritualidade não é isso. A verdadeira descoberta cristã é a re-descoberta da simplicidade, do caminho santo que nem mesmo os loucos erram (Isaías 35:8). Espiritualidade é viver com Deus a vida, é chamar Deus para participar da nossa caminhada diária (Êxodo 33:15), é tê-lo como conselheiro maior (Salmo 90:12). Espiritualidade é encontrar o belo nas coisas mais simples (Mateus 6:28), a eternidade num momento (Mateus 17:2-5), Deus espelhado em cada ser humano (Gênesis 1:27). Espiritualidade é re-descobrir que todo pecado contra Deus é antes de tudo pecado contra o próximo (Mateus 25:45). É olhar-se no espelho e encontrar-se com o Deus que mora em nós (I Coríntios 3:16).
O desafio é viver a espiritualidade bíblica, que transforma, que restaura, que liberta, que traz a vida de Deus pra dentro de nós. A espiritualidade que humaniza, que enfrenta as adversidades de frente, sem fugas, sem falsas promessas. A espiritualidade que crê no impossível acontecendo, mas que sabe que Deus cumpre os seus propósitos também nos espinhos que não são tirados (II Coríntios 12:9), na tragédia humana inevitável (Atos 7). A espiritualidade que aguarda o paraíso vindouro, mas enquanto ele não vem batalha para melhorar o mundo agora.
A verdadeira espiritualidade que convida Jesus a entrar, comer o pão e ali na simplicidade do fogão de lenha, na mesa da cozinha conversar com Deus, ter os olhos abertos e sair para anunciar o grande projeto e sonho de Deus para todas as pessoas (Lucas 24:30-35).

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

FAZENDO A DIFERENÇA

Um nome teima em não sair da minha memória. Na verdade um apelido, uma imagem. Era uma vila, pequena vila onde nada acontecia de diferente. A vida transcorria na sua previsibilidade. As limitações do local, dos recursos naturais pareciam limitar a vida a uma existência desprovida de surpresas e de brilho. Cada amanhecer era exatamente igual a todos os outros.
Mas certo dia, chegado de um lugar bem distante, desembarcou na praça principal um jovem casal. Sem pretensões, apenas procurando a oportunidade de uma vida melhor, iniciam sua convivência com os moradores locais que logo percebem a genialidade, a disponibilidade e as oportunidades que aqueles jovens traziam para a vila. Ele, um amante dos esportes, dispõe-se a compartilhar seus conhecimentos na área com jovens, adolescentes e crianças. Seus feitos, seu jeito simples e simpático, sua cordialidade e bom humor são comentados em todos os lugares. Todos na vila o admiram. O amanhecer agora trazia possibilidades.
Mas ... da mesma forma meteórica como vieram, se foram. Alguns meses após sua chegada tiveram que partir. Embora amados por todos, precisavam voltar, recomeçar a sua vida perto dos seus. Na vila ficou a lembrança. Todos comentavam a forma amorosa como se tratavam, como tratavam os outros, como foi bom o tempo de permanência deles. A lembrança viva animou a velha vila. Passados muitos dias ainda era possível ouvir alguém suspirar imaginando como estariam eles agora, lá, tão distante. Cada amanhecer agora era embalado pelas lembranças e esperanças de reencontro.
Passados mais de trinta anos as lembranças teimam em não desaparecer. Mas o mais incrível é saber que aqueles meses de convivência mudaram a vida da vila e de muitas pessoas pra sempre. A vila nunca mais foi a mesma. Todos perceberam que na vila tinha possibilidades, a felicidade estava bem ali e que todos juntos poderiam realizar coisas extraordinárias e aparentemente impossíveis. Hoje quando o nome, ou melhor o apelido é pronunciado me vem à memória um rosto, uma lembrança, uma esperança ... “Bambão” alguém que da maneira mais simples, mais anônima resolveu fazer a diferença e assim, serviu a sua geração e mudou o mundo à sua volta. Depois dele a vila, o mundo, a minha vida e os amanheceres nunca mais foram os mesmos ...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

POLITICAMENTE CORRETO

Estou convencido que quando sobram palavras faltam ações e vice-versa. Fala-se muito e faz-se muito pouco. Quem faz bastante normalmente é moderado no falar e os falastrões normalmente realizam muito pouco, são apenas teóricos. Raramente encontramos pessoas que tenham uma vida equilibrada entre o falar e o fazer. Na vida deviam prevalecer os que fazem, mas nem sempre é assim. Estão as eleições ai pra provar a gente que isto é verdade. Tem tanto deputado eleito que é muito bom de falar, mas que nunca fez nada na vida.
Vivemos os dias da ditadura do politicamente correto. Os censores estão em todos os lugares para monitorar o que falamos. As palavras que antes usávamos sem medo agora são erradas e devem ser corrigidas. Por exemplo, quando eu era menino se cantava nas cantigas de roda: “atirei o pau no gato, mas o gato não morreu”. Não me lembro em todos os meus dias de criança ter jogado pedra ou pau em algum gato. Muito pelo contrário, aprendi que os animais são criaturas de Deus, e que não se devia maltratar os bichinhos. Os especialistas no politicamente correto, corrigiram a cantiga e agora ela tem a horrorosa letra: “não atire o pau no gato, porque isso não se faz...”. Fala-se corretamente e em compensação os bichinhos estão desaparecendo. Aliás, vivemos um tempo que se atira pau em gato e bala em gente. Falamos bonito e fazemos muito feio.
Esta semana os especialistas em politicamente correto estão propondo que a obra de Monteiro Lobato (As Aventuras de Pedrinho) seja revista para ficar politicamente correta. Eu fico imaginando o que vai sair desta correção. Eu sei que os “censores” tentarão me corrigir e até me acusar, mas pouco me importa.
Sou favorável as políticas afirmativas, as ações afirmativas. Sou favorável a ações, não as falações. Aos politicamente corretos no falar quero fazer um desafio para que o sejam em suas ações. Quando quiserem defender o politicamente correto em relação ao meio ambiente, que as ações mais simples dentro de casa a na vida privada sejam ações ambientalmente corretas: lixo no lixo, orgânico separado de reciclável, uso consciente da água, etc. Se são ações a favor da tolerância que sejam ações contra todas as intolerâncias, inclusive do direito de pensar e ser diferente daquilo que é o senso comum. Se é defender a democracia que se respeite a vontade da maioria e os direitos das minorias. Tudo isso de maneira bem prática.
Na vida cristã a separação entre o que se diz e o que se faz também está presente em grande medida. O nosso desafio é tornar a prática cada vez mais parecida com o discurso. Aliás, é o próprio Jesus em que nos desafia a não sermos apenas teoricamente corretos, mas transformarmos as palavras em ações. Ele mesmo diz: “nem todo que ‘me diz’ Senhor, Senhor, entrará no Reino”. Mas aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica é verdadeiramente meu discípulo.