quinta-feira, 4 de novembro de 2010

POLITICAMENTE CORRETO

Estou convencido que quando sobram palavras faltam ações e vice-versa. Fala-se muito e faz-se muito pouco. Quem faz bastante normalmente é moderado no falar e os falastrões normalmente realizam muito pouco, são apenas teóricos. Raramente encontramos pessoas que tenham uma vida equilibrada entre o falar e o fazer. Na vida deviam prevalecer os que fazem, mas nem sempre é assim. Estão as eleições ai pra provar a gente que isto é verdade. Tem tanto deputado eleito que é muito bom de falar, mas que nunca fez nada na vida.
Vivemos os dias da ditadura do politicamente correto. Os censores estão em todos os lugares para monitorar o que falamos. As palavras que antes usávamos sem medo agora são erradas e devem ser corrigidas. Por exemplo, quando eu era menino se cantava nas cantigas de roda: “atirei o pau no gato, mas o gato não morreu”. Não me lembro em todos os meus dias de criança ter jogado pedra ou pau em algum gato. Muito pelo contrário, aprendi que os animais são criaturas de Deus, e que não se devia maltratar os bichinhos. Os especialistas no politicamente correto, corrigiram a cantiga e agora ela tem a horrorosa letra: “não atire o pau no gato, porque isso não se faz...”. Fala-se corretamente e em compensação os bichinhos estão desaparecendo. Aliás, vivemos um tempo que se atira pau em gato e bala em gente. Falamos bonito e fazemos muito feio.
Esta semana os especialistas em politicamente correto estão propondo que a obra de Monteiro Lobato (As Aventuras de Pedrinho) seja revista para ficar politicamente correta. Eu fico imaginando o que vai sair desta correção. Eu sei que os “censores” tentarão me corrigir e até me acusar, mas pouco me importa.
Sou favorável as políticas afirmativas, as ações afirmativas. Sou favorável a ações, não as falações. Aos politicamente corretos no falar quero fazer um desafio para que o sejam em suas ações. Quando quiserem defender o politicamente correto em relação ao meio ambiente, que as ações mais simples dentro de casa a na vida privada sejam ações ambientalmente corretas: lixo no lixo, orgânico separado de reciclável, uso consciente da água, etc. Se são ações a favor da tolerância que sejam ações contra todas as intolerâncias, inclusive do direito de pensar e ser diferente daquilo que é o senso comum. Se é defender a democracia que se respeite a vontade da maioria e os direitos das minorias. Tudo isso de maneira bem prática.
Na vida cristã a separação entre o que se diz e o que se faz também está presente em grande medida. O nosso desafio é tornar a prática cada vez mais parecida com o discurso. Aliás, é o próprio Jesus em que nos desafia a não sermos apenas teoricamente corretos, mas transformarmos as palavras em ações. Ele mesmo diz: “nem todo que ‘me diz’ Senhor, Senhor, entrará no Reino”. Mas aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica é verdadeiramente meu discípulo.

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