quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ANTES QUE SEJA TARDE

Escutem! Este é o tempo em que Deus mostra a sua bondade. Hoje é o dia de ser salvo. (II Coríntios 6:2b)
No enterro do irmão mais moço, ele berrava: “Levanta, levanta daí, vai. Você pode ligar o meu som, eu deixo, pode ligar o quanto quiser.” A cena era de cortar o coração. Algumas horas antes o irmão mais moço tinha sido enxotado e repreendido severamente e aos gritos por ter ligado o som (motivo de grande ciúme por parte do irmão mais velho), em seguida uma carona, o acidente, a morte e tudo o mais perdeu o valor e agora só a dor de não ter aproveitado, não ter priorizado as coisas mais importantes e a certeza mórbida de que o tempo não voltaria.
Esta história serve pra ilustrar um dos terríveis males do nosso tempo: a procrastinação. Olho ao redor e vejo pessoas adiando as coisas importantes para atender a urgência de coisas urgentes, mas sem tanta importância. Há gente deixando para viver amanhã, quando isto ou aquilo acontecer. Conheço pessoas que decidiram adiar a felicidade. Estão construindo as bases para a felicidade. Amores que estão adormecidos para serem vividos quando as condições forem favoráveis. Cumprir o propósito de Deus em sua vida está sempre esperando ocasião oportuna, no futuro.
Vejo pessoas deixando de desfrutar a alegria porque pensam que ela virá no futuro, quem sabe depois de um evento grandioso, quando atingir a meta maior da vida. Como bem disse Guimarães Rosa: “Cada dia é um dia”. Saiba que a alegria não mora no futuro, mas neste momento que jamais se repetirá. Gosto da expressão de Jorge Luis Borges: “Disto é feita a vida, só de momentos. Não perca o agora.” Saiba que a alegria não mora só nas grandes conquistas, mas nas coisas simples, lá na sala de estar da sua casa, no espaço simples da sua rua, no baba jogado ao lado da igreja, nas boas risadas com os amigos. Bem declarou Mário Quintana: “Quantas vezes a gente, em busca da ventura, procede tal e qual o vovozinho infeliz: em vão, em toda parte, procura os óculos que estão bem na ponta do nariz.”
É tempo de romper com esta lógica louca e pretensiosa. Não temos o amanhã, o único tempo que temos é o agora. Somos feitos para a felicidade, para o prazer. Vivemos para o prazer. Felicidade só pode ser vivida no tempo presente, felicidade tem que ser aproveitada, vivida e sugada como se este fosse o último momento da vida, como um presente a ser consumido totalmente e na hora. Não adie mais a sua felicidade, o seu prazer de viver. Para isso quero lhe dar alguns conselhos bem práticos: ligue para um amigo, um velho amigo, que não vê há muito tempo, reafirme o seu amor por seus pais, abrace seus irmãos, declare seu amor aos seus filhos, ame seu amor, abrace alguém, sorria por estar vivo, toque-se, releia cartas de amor, desfrute de seu corpo, dance, reescreva cartas de amor, conheça sua história, respeite os mais velhos, volte a lugares bonitos ... invente ... Mas acima de tudo, saiba que a verdadeira felicidade começa com Fé, volte-se pra Deus, use seus dons em prol do próximo, cumpra o propósito que Deus estabeleceu para sua vida.
A maior tragédia será descobrir tarde demais que não dá pra voltar, que não dá pra recuperar o que se perdeu, que não dá mais ... Aproveite o dia! Viva! Ame! Seja Feliz, Hoje!!!!!

sábado, 21 de novembro de 2009

ACIMA DA MEDIOCRIDADE

A cena dos discípulos no caminho de Emaús (Lc 24:13-35) me faz lembrar de uma estória contada por Gabriel Garcia Marques. Diz o poeta: havia uma aldeia onde a vida transcorria sempre da mesma forma, a rotina fazia a vida acontecer no piloto automático, tudo sempre igual, sempre. Nada de novo acontecia, a vida era medíocre, mediana, embora aquele fosse um dos lugares mais lindos à beira mar.
Mas de repente, numa manhã, igual a qualquer outra manhã, eis que algo quebra a rotina: um corpo, o corpo de um homem boiava. Só há uma coisa a ser feita com um morto, enterrar, e foi o que fizeram. Mas antes era preciso preparar o corpo para o sepultamento e neste momento algo extraordinário, fascinante começou a acontecer. As pessoas começaram a imaginar como teria sido aquele homem, do que teria gostado, como teria tratado as pessoas, que palavras teria falado, como seria a sua voz. Depois do enterro começaram a conversar e contar estórias sobre o afogado e a imaginação fértil fazia com que cada um contasse uma história mais bela que a anterior.
Diz o poeta que muitos anos se passaram desde que o corpo foi achado, mas estórias continuaram a ser contadas. Os mais jovens se sentavam aos pés dos mais velhos e ao redor da fogueira escutavam lindas estórias sobre o afogado, e aquela aldeia nunca mais foi a mesma. O afogado levou aquela aldeia e aquelas pessoas para além da mediocridade. O morto despertou a vida dentro daquelas pessoas, trouxe vida aquela aldeia. Um único fato, uma coisa simples afetou as suas vidas para sempre.
A história de Emaús tem semelhanças com a nossa história e com a estória da aldeia. Muitas vezes estamos presos numa rotina mórbida que torna a nossa existência medíocre, vamos vivendo por viver, existindo numa vida sem perspectivas. Ligamos o piloto automático e a vida é uma mera narração do que passou. Estavam os discípulos no seu caminho com os olhos apenas para a tragédia e para o passado (Lc 24:14). Nossa existência, a dos discípulos e a dos aldeões pode ser mudada se permitirmos que um certo “morto” invada a nossa vida e desperte a vida que jaz dentro de nós (Lc 24:32). A vida que agora pulsa dentro de nós, pela chegada do novo em nós, não deve se calar, mas deve ser falada pelos cantos e às novas gerações para que a vida nunca mais volte a ser a mesma (Lc 24:33-35).
Em Emaús, na Aldeia ou aqui a existência pode ser mais rica, mais divertida, mais fascinante. Deus nos deu no último final de semana uma mostra de como Ele pode arrancar a nossa existência da mediocridade, da mesmice, da rotina que emburrece e nos fazer experimentar o extraordinário, aquilo que vai arder em nossos corações, que irá despertar a alegria, a esperança e a vida adormecidas dentro de nós e tornar a nossa vida ainda mais vibrante.
Deixe aquele que vive eternamente entrar em sua história, em sua vida, quebrar a sua rotina, enriquecer a sua existência. Deixe-se transformar. Sonhe, viva, conte e escreva a sua história. A história da sua vida fascinante com Jesus!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

ANDAR COM JESUS

Enquanto caminhava ao lado daquela velha senhora, ia ouvindo as suas histórias, seus ensinos. Falava das suas dores, dos seus temores, falava também das lições aprendidas na infância e de como aquilo lhe moldara e a tornara como pé de umburana, forte, resistente, que apesar da seca à sua volta permanecia teimosamente de pé. Assim foram as caminhadas na minha infância ao lado da minha avó materna, Dona Maria.
Enquanto andava uma légua até uma velha roça, ia sendo moldado, ia me humanizando, ia criando senso de pertencer a uma família, me familiarizando com minha própria história. Enquanto caminhava ia vivendo a aventura de existir. Tenho fortes e deliciosas lembranças, tenho saudade da minha infância e das caminhadas com minha avó.
Outra aventura fascinante tem sido caminhar ao lado do homem de Nazaré, do carpinteiro. Ao longo das últimas décadas tenho caminhado diariamente ao seu lado. Uma verdadeira aventura existencial, fascinante. Enquanto caminho o conheço melhor, o vejo servindo às pessoas, se interessando por cada uma, por cada história. O vejo tocando os intocáveis, amando os inamáveis, servindo os imprestáveis, encorajando os fracos, animando os quase mortos, levando a existência à sua plenitude de beleza e de vida (Lc 15:32).
Perto dEle toda felicidade incompleta ganha ar de celebração (Jo 2). Ao seu lado a velha vida ganha novos contornos e traçados (Jo 3). Existir com Ele é desmascarar toda pseudo-felicidade (Lc 19:8), ao caminhar a seu lado toda existência exausta ganha fôlego novo (João 4), toda impossibilidade é revogada (Jo 11:43,44). Com Ele descobrimos que para os erros há perdão (Mc 2:5), para os fracassos há nova oportunidade (Jo 8:11). Com Ele experimentamos o maravilhoso agir de Deus quando a experiência espiritual deixa de ser ritual e se transforma em relacionamento (Mt 17:1-13).
Andar com o Carpinteiro de Nazaré é aventurar-se a viver o extraordinário diariamente, mesmo nos encontros e situações mais casuais (Jo 6:1-15), é ter alguém por si, mesmo quando todos lhe abandonaram (Jo 5:7; Mc 1:41). Andar com Ele é saber que apesar do mundo cruel, das aflições e decepções que nos convidam a descrer da possibilidade de uma existência melhor, podemos experimentar o Reino de Deus entre nós (Mt 12:28), que é possível viver o amor num mundo tão egoísta (Lc 23:34), que o mundo pode ser o lugar sagrado da nossa existência em Deus (Jo 17:15).
Enquanto caminho vou sendo moldado, melhorado, vou me parecendo mais com Ele. Enquanto caminho com Ele vou me convencendo que faço parte da sua família, vou reescrevendo a minha história, vou tendo a experiência de que Andar com Ele é uma aventura fascinante.