quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

AMIZADE: ANTÍDOTO DA SOLIDÃO

Solidão, a mais desesperadora das palavras. Sofrer ou Celebrar sem ter com quem contar. Chegar sem ter ninguém esperando, partir sem ter quem chore, estar distante e não ter pra quem voltar. Morrer sem deixar saudade. Sentimento desesperador. Antes que qualquer humano dissesse isso, foi o próprio Deus quem afirmou: “não é bom viver só”.
No final de ano participamos dos “amigos secretos” como memoriais de relações que já não existem. Amigo se tornou um pronome de tratamento e só. Amigo secreto não quer dizer nada. Quer dizer apenas o nome que me caiu por sorte para entregar um presente que não significa coisa nenhuma. Amizade baseada na superficialidade, na troca de presentes medidos pelo valor de mercado, com valores estipulados.
Amizade é um ‘sentimento’ esquecido na prateleira dos relacionamentos. É um sentimento que custa caro manter e cuidar. É sentimento cujos resultados não são facilmente mensurados, portanto não podem entrar no balanço monetário da vida capitalista. Num mundo competitivo é impensável perder tempo com sentimento tão insignificante. Num mundo de trocas de favores e onde tudo é medido e avaliado pela lógica do perder ou ganhar é loucura manter um relacionamento que “não me acrescenta nada”. E assim vamos vivendo as relações secas, numa vida desértica, que mais cedo ou mais tarde nos matará de solidão.
Amizade é aquele relacionamento que nos dá a certeza de que não estamos sozinhos. Amigo é aquele que nos dá valor como pessoa. Amigo de verdade é aquele que é “mais íntimo que o irmão”. Amigo assim, é aquele que está pronto a sacrificar-se por nós. É aquele que nos vendo em situação complicada está do nosso lado, ainda que seja para dizer que erramos, mas continua ali nos ajudando a sair da enrascada que nos metemos. É aquele que quando se dispõe a fazer algo por nós, sem que precisemos pedir. É aquele que nos defende perante outros. “Amigo é aquele diante de quem posso pensar em voz alta”, “é aquele diante de quem posso ficar calado por horas”, é aquele que me permite ter liberdade de ser quem sou de verdade.
Neste final de ano, na hora do balanço, das conquistas, dos bens acumulados é fundamental ver o quanto se investiu em amizade. Na linguagem do menestrel “faça uma lista dos grandes amigos, quem você mais via há dez anos atrás, quantos você ainda vê todo dia, quantos você já não encontra mais?”.
Amigo é o antídoto contra a solidão que nos devora. Amigo embora caro pra se encontrar, cuidar e manter vale quanto custa. Na linguagem do poeta, de tão caro “amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração”.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Conto dos Vinte Anos ...

Me converti ao evangelho aos 17 anos de idade, me batizei aos 18 e aos 19 me senti chamado para o ministério da Palavra.  Aos 20 ingressei no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, aos 24 anos de idade fui Ordenado ao Ministério e ao longo dos últimos 20 anos, os melhores e todos os anos desde então, tenho dedicado ao ministério pastoral.
Nestes 20 anos dediquei mais de dois anos à procura do lugar onde Deus me queria usar. Passei 15 anos, 4 meses e 1 dia na Igreja Batista do Cordeiro e os últimos 2 anos e 6 meses aqui na Igreja Batista da Proclamação. Nestes quase 18 anos trabalhei incansavelmente para realizar a Missão que recebi do Senhor. Fui pastor interino de várias igrejas: Monte Gerizim, PIB Porto Seguro, PIB Muritiba, Monte Tabor, Jardim Caiçara, Betel, 2 de Julho, IB Nova Betel. Organizei várias igrejas: IB Betel (Itinga), IB Sião (Camaçari), IB da Vitória (Periperi), IB das Nações (Barreiras), IB da Promessa (Cosme de Farias).
Poderia continuar citando feitos como batismos, casamentos, apresentações de bebês, cargos exercidos, etc. Mas devo dizer que isto não foi o mais importante. Importante são os relacionamentos, são as pessoas com as quais convivi, as amizades que fiz, as dores que senti vendo amigos partir, as alegrias que tive os vendo voltar.
Neste tempo vivi uma verdadeira odisséia pessoal. Vi meus pais partirem.  Estive com eles em seus momentos mais significativos e posso dizer, especialmente aos mais jovens: cuidem de seus pais, vocês jamais poderão retribuir tudo que fizeram por vocês, mas especialmente sentirão muito a falta deles quando se forem. Casei-me e ganhei uma filha linda, e gostaria de dizer aos pais: cuidem dos seus filhos, amem, mas amem muito. Abraço e beijo a minha filha como quem se despede. Não sei quanto tempo teremos um ao outro, mas espero imprimir uma imagem tão bondosa no seu coração, que mesmo quando tiver partido, as lembranças possam dizer-lhe o quanto ela é amada, e isso a ajude a prosseguir.
Neste tempo vivi dias de vitórias e dias de escuridão, dias de muita fé e dias de muita dúvida. Certas manhãs acordei animado, acreditando no impossível, pronto pra conquistar. Outras manhãs desejei não levantar.
Mas o mais maravilhoso na caminhada que já dura 20 anos, foi o relacionamento com Deus. Quando comecei éramos apenas Chefe e comandado, o Mestre e o discípulo. Fui aprendendo que me queria mais e mais perto, que desejava me fazer cada vez mais íntimo. Fui perdendo o medo, não o respeito, a reverência e a admiração. Fui aprendendo que o que mais lhe interessava era me conhecer como realmente sou, sem máscaras. O mais extraordinário depois de 20 anos é que estou aqui porque o amo, porque sei que me ama. Sei o que quis dizer o Profeta Jeremias em 20:7 “Iludiste-me e iludido fiquei; mais forte foste do que eu, e prevaleceste”. Mas também posso dizer com o Apóstolo Pedro: “Para onde iremos nós? Tu tens as Palavras de Vida Eterna”.
Pelos 20 anos quero dizer: obrigado Chefe, Comandante, Mestre, Senhor, mas acima de tudo, Meu Amigo, pela amizade e presença nestes 20 anos. Sem “VOCÊ” eu não teria suportado. Mais uma vez, Obrigado!!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

É CAMPEÃÃÃO !!!


Encerra-se hoje o campeonato brasileiro. Dia de alegrias e tristezas para muitos torcedores, mas acima de tudo de glória e vergonha para muitos times. O que saberemos hoje, ou seja, os campeões e os rebaixados, é resultado de uma série de decisões e atos ao longo dos últimos meses.
Todos deveriam saber que no campeonato não está em disputa apenas o título. Os primeiros colocados ganham o direito de participar da Copa Libertadores, o que dá visibilidade internacional ao time. Os do bloco intermediário tem um prêmio de consolação (Copa Sul-Americana), os outros nem sobem e nem descem e os últimos serão punidos com o rebaixamento.
O campeonato pode ser uma parábola da vida. Estamos findando o ano, hora de ver os números do seu desempenho em 2010. Se sua vida neste ano fosse um campeonato qual seria a sua colocação, se levasse em conta os objetivos alcançados por você? Como você se preparou para 2010? Estabeleceu metas claras? Conseguiu alcançá-las? Fez bons investimentos, boas contratações? Preparou-se? Celebrou as vitórias? Tirou lições nas derrotas? Somou pontos nos empates?
Pode-se ganhar uma partida por pura sorte, mas um campeonato é mais difícil. Alguém já disse que sorte é resultado de oportunidades mais competência. Neste sentido o título estaria bem entregue a qualquer um dos três primeiros colocados (Fluminense, Corínthians ou Cruzeiro).
Na vida, Campeão é aquele que supera-se, vence as suas próprias fragilidades e limitações, além dos obstáculos e adversários poderosos. Neste sentido campeão é o Ceará, um pequeno time, de um pobre estado brasileiro, que mesmo sem estrelas, chegou à frente de gigantes como Flamengo.
No jogo da vida, Campeão é aquele que enfrenta forças pra lutar mesmo cansado, que acredita mesmo quando todos diziam que não tem mais jeito. Neste sentido campeão é o Avaí, que se superou nas últimas partidas e deu a volta por cima.
A vida não se resume numa partida ou num campeonato. Pode-se viver anos por baixo, mas chegar o dia do basta. Desejar, lutar e conquistar o que se sonha, esta é a lição que o Baêa nos dá. A lição que o time do Coritiba nos apresenta é que um ano ruim não significa uma vida ruim. No campeonato passado foi envergonhado, saiu da arena como perdedor, mas deu a volta por cima, preparou-se melhor, lutou bravamente e neste ano sai como o campeão da série B.
Vencer ou perder na vida pode ser fruto do acaso, mas é antes de tudo resultado de decisões, de investimentos e de fé. Onde você quer estar no ano que vem? Que resultados espera alcançar ainda este ano? Prepare-se, Estabeleça Metas, Ore, Lute, Conquiste ...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

FELIZ VIDA NOVA

“Você pensou e não se realizou, tudo se resolve no ano que vem”, assim vai vivendo a humanidade. Por conta desta filosofia para muitos a única coisa que diferencia um ano do outro é o número: 2008, 2009, 2010 ...
Não tenho dúvida de que Deus tem pensado e planejado um ano cada vez melhor para a vida dos seus filhos. Mas persiste uma pergunta: se Deus planeja, pensa, porque as coisas não estão diferentes? A resposta é simples, porque nós não fazemos a nossa parte. Para o milagre acontecer precisamos de Deus, mas Deus conta conosco. Nós somos parte importante para que o milagre aconteça em nossas vidas. Para o extraordinário acontecer precisamos de: Sonho, Trabalho e Fé.
Deus planta um sonho no nosso coração, nós o recebemos, nos o alimentamos. Sonhar acordado é o que nos faz sair do lugar onde estamos para o lugar onde Deus quer que estejamos. Mas sonhar só não é suficiente para mover nada. É preciso sair, agir, fazer acontecer. Gastar-se por aquilo que se acredita. Trabalhe como se tudo dependesse de você. Mas é preciso manter a humildade sabendo que se Deus não for adiante, de nada adianta ir. Disse Moisés: se o Senhor não for comigo, não me deixe sair deste lugar. O Salmista diz: “inútil vos será levantar cedo, dormir tarde, comer pão de dores”. Sem Deus não iremos muito longe. Crer que Deus é poderoso para fazer muito mais do que sonhamos, pensamos ou pedimos. Crer que Deus fará o impossível acontecer.
Você pensou e não se realizou? Muitos experimentaram isto em sua vida, mas aprenderam a lição com erros passados, recomeçaram e experimentaram muito mais do que jamais pensaram. Moisés por exemplo tinha o sonho de libertar o seu povo, agiu erradamente. Pensou e não se realizou, mas viveu seu aprendizado no deserto e voltou sob a direção de Deus e se tornou o grande libertador da sua gente. Pensou e não se realizou ... aprendeu ... se preparou ... trabalhou ... creu ... fez o impossível acontecer. Você também pode ... aprenda com seus erros, mas especialmente com os erros dos outros, se prepare, recomece, trabalhe e creia ...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ESPIRITUALIDADE

Na babel religiosa evangélica brasileira um único termo pode ter várias interpretações e aplicações. Algo simples termina por se tornar algo extremamente complexo. Para determinados grupos orar já não basta, tem que se orar da “forma” certa. Até o nome de Jesus já tem um determinado grupo que afirma que quem não pronunciar o nome certo, da “forma” certa, terá problemas burocráticos nos portões celestiais.
O evangelho é a “fórmula” simples de Deus para salvação de todas as pessoas. É o caminho santo de Deus e como diz a Escritura é tão simples que “nem os loucos erram o caminho”. Mas esta simplicidade tem se perdido ao longo dos anos, das décadas e dos séculos e alguns grupos criaram tantas regras que precisamos de novo que Jesus nos diga: “tendes ouvido ... eu porém vos digo”.
Mas ao longo da caminhada cristã tenho encontrado pessoas despersonalisadas, “libertos” com as mentes divididas, salvos pela graça que parecem carregar o fardo do legalismo, evangélicos que parecem viver debaixo da lei. Tenho encontrado “louvor” sem alegria, só macaquice, mera repetição de palavreado, mas sem vida verdadeira. É o evangelho das fórmulas prontas, das frases feitas: tá amarrado, tá repreendido, eu recebo, Oh! glória!, etc.
Espiritualidade não é isso. A verdadeira descoberta cristã é a re-descoberta da simplicidade, do caminho santo que nem mesmo os loucos erram (Isaías 35:8). Espiritualidade é viver com Deus a vida, é chamar Deus para participar da nossa caminhada diária (Êxodo 33:15), é tê-lo como conselheiro maior (Salmo 90:12). Espiritualidade é encontrar o belo nas coisas mais simples (Mateus 6:28), a eternidade num momento (Mateus 17:2-5), Deus espelhado em cada ser humano (Gênesis 1:27). Espiritualidade é re-descobrir que todo pecado contra Deus é antes de tudo pecado contra o próximo (Mateus 25:45). É olhar-se no espelho e encontrar-se com o Deus que mora em nós (I Coríntios 3:16).
O desafio é viver a espiritualidade bíblica, que transforma, que restaura, que liberta, que traz a vida de Deus pra dentro de nós. A espiritualidade que humaniza, que enfrenta as adversidades de frente, sem fugas, sem falsas promessas. A espiritualidade que crê no impossível acontecendo, mas que sabe que Deus cumpre os seus propósitos também nos espinhos que não são tirados (II Coríntios 12:9), na tragédia humana inevitável (Atos 7). A espiritualidade que aguarda o paraíso vindouro, mas enquanto ele não vem batalha para melhorar o mundo agora.
A verdadeira espiritualidade que convida Jesus a entrar, comer o pão e ali na simplicidade do fogão de lenha, na mesa da cozinha conversar com Deus, ter os olhos abertos e sair para anunciar o grande projeto e sonho de Deus para todas as pessoas (Lucas 24:30-35).

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

FAZENDO A DIFERENÇA

Um nome teima em não sair da minha memória. Na verdade um apelido, uma imagem. Era uma vila, pequena vila onde nada acontecia de diferente. A vida transcorria na sua previsibilidade. As limitações do local, dos recursos naturais pareciam limitar a vida a uma existência desprovida de surpresas e de brilho. Cada amanhecer era exatamente igual a todos os outros.
Mas certo dia, chegado de um lugar bem distante, desembarcou na praça principal um jovem casal. Sem pretensões, apenas procurando a oportunidade de uma vida melhor, iniciam sua convivência com os moradores locais que logo percebem a genialidade, a disponibilidade e as oportunidades que aqueles jovens traziam para a vila. Ele, um amante dos esportes, dispõe-se a compartilhar seus conhecimentos na área com jovens, adolescentes e crianças. Seus feitos, seu jeito simples e simpático, sua cordialidade e bom humor são comentados em todos os lugares. Todos na vila o admiram. O amanhecer agora trazia possibilidades.
Mas ... da mesma forma meteórica como vieram, se foram. Alguns meses após sua chegada tiveram que partir. Embora amados por todos, precisavam voltar, recomeçar a sua vida perto dos seus. Na vila ficou a lembrança. Todos comentavam a forma amorosa como se tratavam, como tratavam os outros, como foi bom o tempo de permanência deles. A lembrança viva animou a velha vila. Passados muitos dias ainda era possível ouvir alguém suspirar imaginando como estariam eles agora, lá, tão distante. Cada amanhecer agora era embalado pelas lembranças e esperanças de reencontro.
Passados mais de trinta anos as lembranças teimam em não desaparecer. Mas o mais incrível é saber que aqueles meses de convivência mudaram a vida da vila e de muitas pessoas pra sempre. A vila nunca mais foi a mesma. Todos perceberam que na vila tinha possibilidades, a felicidade estava bem ali e que todos juntos poderiam realizar coisas extraordinárias e aparentemente impossíveis. Hoje quando o nome, ou melhor o apelido é pronunciado me vem à memória um rosto, uma lembrança, uma esperança ... “Bambão” alguém que da maneira mais simples, mais anônima resolveu fazer a diferença e assim, serviu a sua geração e mudou o mundo à sua volta. Depois dele a vila, o mundo, a minha vida e os amanheceres nunca mais foram os mesmos ...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

POLITICAMENTE CORRETO

Estou convencido que quando sobram palavras faltam ações e vice-versa. Fala-se muito e faz-se muito pouco. Quem faz bastante normalmente é moderado no falar e os falastrões normalmente realizam muito pouco, são apenas teóricos. Raramente encontramos pessoas que tenham uma vida equilibrada entre o falar e o fazer. Na vida deviam prevalecer os que fazem, mas nem sempre é assim. Estão as eleições ai pra provar a gente que isto é verdade. Tem tanto deputado eleito que é muito bom de falar, mas que nunca fez nada na vida.
Vivemos os dias da ditadura do politicamente correto. Os censores estão em todos os lugares para monitorar o que falamos. As palavras que antes usávamos sem medo agora são erradas e devem ser corrigidas. Por exemplo, quando eu era menino se cantava nas cantigas de roda: “atirei o pau no gato, mas o gato não morreu”. Não me lembro em todos os meus dias de criança ter jogado pedra ou pau em algum gato. Muito pelo contrário, aprendi que os animais são criaturas de Deus, e que não se devia maltratar os bichinhos. Os especialistas no politicamente correto, corrigiram a cantiga e agora ela tem a horrorosa letra: “não atire o pau no gato, porque isso não se faz...”. Fala-se corretamente e em compensação os bichinhos estão desaparecendo. Aliás, vivemos um tempo que se atira pau em gato e bala em gente. Falamos bonito e fazemos muito feio.
Esta semana os especialistas em politicamente correto estão propondo que a obra de Monteiro Lobato (As Aventuras de Pedrinho) seja revista para ficar politicamente correta. Eu fico imaginando o que vai sair desta correção. Eu sei que os “censores” tentarão me corrigir e até me acusar, mas pouco me importa.
Sou favorável as políticas afirmativas, as ações afirmativas. Sou favorável a ações, não as falações. Aos politicamente corretos no falar quero fazer um desafio para que o sejam em suas ações. Quando quiserem defender o politicamente correto em relação ao meio ambiente, que as ações mais simples dentro de casa a na vida privada sejam ações ambientalmente corretas: lixo no lixo, orgânico separado de reciclável, uso consciente da água, etc. Se são ações a favor da tolerância que sejam ações contra todas as intolerâncias, inclusive do direito de pensar e ser diferente daquilo que é o senso comum. Se é defender a democracia que se respeite a vontade da maioria e os direitos das minorias. Tudo isso de maneira bem prática.
Na vida cristã a separação entre o que se diz e o que se faz também está presente em grande medida. O nosso desafio é tornar a prática cada vez mais parecida com o discurso. Aliás, é o próprio Jesus em que nos desafia a não sermos apenas teoricamente corretos, mas transformarmos as palavras em ações. Ele mesmo diz: “nem todo que ‘me diz’ Senhor, Senhor, entrará no Reino”. Mas aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica é verdadeiramente meu discípulo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

CORAGEM PRA FAZER A DIFERENÇA

Diz o ditado: “em terra de cego quem tem um olho é rei". Mas na verdade o ditado poderia ser: “em terra de cego quem tem um olho é rei, mas quem tem dois é muito mal visto”. Ou ainda: “em terra de cego quem tem um olho, é doido”.
A história está repleta de visionários (pessoas que ousaram enxergar numa terra de cegos) que pagaram alto preço por quererem fazer a diferença. Jesus acabou numa sangrenta cruz (também foi enxergar em meio a políticos e religiosos cegos). Galileu por pouco não acabou na fogueira porque quis enxergar mais que os cegos da sua época. Quando estava prestes a torrar na churrasqueira fingiu-se de cego e então desistiram de assá-lo.
Hoje celebramos 493 anos da reforma protestante. Martinho Lutero, o monge, teve os seus olhos abertos. Andava em trevas como todo mundo, mas de repente um facho de luz entrou na sua vida e tudo passou a ter novo significado. Não soube se calar, não quis se calar. Falou, proclamou, e como o menino, na história do dinamarquês H. C. Andersen, denunciou a nudez real. Pagou alto preço, mas simplesmente não podia se calar, o significado do que vira mudaria pra sempre a vida de cada homem, bem como de toda a humanidade. Decidiu pagar o preço pela loucura da pregação da verdade que acabara de descobrir. Na linguagem de Paulo: “mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha missão, que recebi do Senhor Jesus”.
O curso da história humana neste minúsculo planeta tem sido mudada graças aos corajosos que ousaram fazer diferença na sua geração, aos loucos, que num mundo de cegos declararam enxergar, que num mundo de fugitivos ousaram andar na direção contrária.
Os olhos de Lutero foram abertos para Cinco Grandes Verdades da Fé, rompeu com o velho, o errado e se propôs as novas verdades. Suas descobertas são conhecidas como as “Cinco Solas”:
1. Sola Fide - Somente a Fé - A salvação do homem está baseada na graça de Deus, por meio da fé daquele que crê que o sacrifício de Jesus se deu para pagar o preço do pecado humano. Por meio do sacrifício de Jesus na cruz os pecados são perdoados.
2. Sola Scriptura – Somente a Escritura - A única regra de fé e prática é a Bíblia. Escritos humanos, por mais sábios que sejam, devem ser julgados à luz da Bíblia. Qualquer ensino, de qualquer autoridade religiosa tem menos valor que o texto da bíblia.
3. Sola Christus – Somente Cristo - A salvação só pode ser alcançada por meio de Jesus. Igreja não salva, religião não salva, boas obras não salvam – tudo isso é muito bom, mas é insuficiente para salvar. O único mediador entre Deus e os Homens é Jesus, o Salvador.
4. Sola Gratia – Somente a Graça - Num tempo que se misturava salvação como uma dádiva divina misturada com merecimentos pessoais, Lutero declara que a Salvação é só pela graça. Deus concede salvação gratuitamente aos homens que Ele quer. O homem não pode ser salvo se Deus não o salvar generosamente.
5. Soli Deo Gloria – Glória Somente a Deus - Nenhum homem, por melhor que seja, merece a glória, que deve ser dirigida unicamente a Deus. A canonização dava a certos homens (bons) o direito de serem glorificados, receberem honra, veneração e até adoração. Lutero diz: Só Deus é merecedor de tal honra.
493 anos que ajudaram a mudar o curso da história. Pela coragem dos reformadores a verdade do evangelho foi restaurada, seu poder salvador foi restituído e tornou-se de novo o PODER DE DEUS PARA SALVAÇÃO DE TODO AQUELE QUE CRÊ. O curso da história humana será determinado pela coragem que teremos de fazer a diferença em nossa geração. Pense nisso!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

VENCENDO GIGANTES



O que seria a vida se não tirássemos lições dos fatos?  Seria um mero repetir de erros, seria a imaturidade pra sempre, a necessidade da redescoberta da roda a cada dia.  Desta feita gostaria de tirar lições de dois eventos recentes: Tropa de Elite 2 e o Resgate dos Mineiros.
O Inimigo está mais perto do que pensamos – Em Tropa de Elite o inimigo eram os traficantes.  Inimigo assim é fácil de combater, está do outro lado, tem objetivos claramente contrários aos nossos, quer nos destruir. Já em Tropa de Elite 2 o inimigo vem de dentro.  Veste a mesma farda, fala a mesma língua, faz parte da mesma corporação, luta do mesmo lado e está nas altas esferas do governo.  Como diz a canção “Tem gente que está do mesmo lado que você, mas deveria estar do lado de lá”.  Combater inimigo assim é muito dificil, porque nem sempre é fácil identificá-lo.  Aliás o próprio Jesus disse que quando vivemos uma situação assim corremos grande risco de perder a guerra.  Ele afirma que um reino dividido não pode continuar existindo.  Já nas minas do Chile o inimigo vem de todos os lados. Quando menos esperavam, os mineiros se viram cercados, impotentes, aparentemente destinados à morte.  Inimigo assim não se combate sozinho, é tempo de sentar e aguardar ajuda que vem de cima.
Todo inimigo pode ser combatido e vencido.  Não importa se o inimigo vem de fora, de dentro ou se é quase onipresente ou quase onipotente.  Todos eles têm pontos fracos, tem seu calcanhar de Aquiles.  Para vencê-los pode-se usar a força (Tropa de Elite), a determinação (Tropa de Elite 2) ou a inteligência (Minas do Chile).  Mas um elemento fundamental para vencer qualquer inimigo: união.  Policiais bons ou mineiros precisam estar se apoiando mutuamente, um incentivando ao outro.  No evento do Resgate dos Mineiros ficou evidente que a principal causa de estarem em tão bom estado físico e emocional era o fato de estarem unidos, juntos.   O problema era de todos, e a lógica era a seguinte, ou todos ganham ou todos perdem.  Graças a Deus todos ganharam!
Outra lição tocante no resgate dos mineiros é a que o que mais importa na vida não pode ser comprado.  O choro de uma criança, a frase «Te amo, pai», um beijo, um abraço afetuoso.  É tão bom voltar e saber que alguém que lhe ama está à sua espera, orando por você. Que ainda que não tivesse uma única câmera de TV ali, lá estaria ele pra lhe dizer o quanto você é importante, o quanto a vida seria sem graça se você não existisse. 
Outra lição maravilhosa é que a fé nos faz vencer gigantes.  A frase no capacete azul do 17 º resgatado dizia: “Dios Vive”.  A Fé ganhou sentido novo. Por que aquele homem suportou o que suportou nos 70 dias? Porque “Dios vive”!  Se “Dios vive” não há o que temer, Ele virá ao nosso encontro, Ele tirará o nosso pé da lama, Ele removerá as montanhas, Ele nos fará triunfar sobre a morte que tão de perto nos rodeia, Ele abrirá caminho onde não há caminho, no meio do mar, do deserto ou da rocha.  Como diz a canção: “porque Ele vive, posso crer no amanhã, porque Ele vive temor não há. Pois eu bem sei, eu sei que a minha vida, está nas mãos do meu Jesus que Vivo Está!! “Fé é suportar o insuportável, crer no incrível, transpor o intransponível, enxergar o invisível, é vencer o invencível”, é saber que o seu Redentor vive e que por fim se levantará!!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

VOTE LIMPO!!!

Quando me percebi cidadão e pude entender as coisas “da política” o Brasil só tinha dois partidos políticos (Arena e MDB), um mandava e o outro dizia amém (e quem não desse amém era expulso do país ou preso). As capitais não tinham eleição direta pra prefeito, nem o Brasil para Presidente. Época em que para se prender ou ‘sumir’ com alguém bastava acusá-lo de comunista. As eleições eram marcadas pela tensão, ameaças de morte, gente armada e prisões. Toda forma de protesto, de crítica estava absolutamente proibida, qualquer reunião não autorizada podia ser entendida como subversiva e os responsáveis tinham que se explicar perante a ‘autoridade policial’.
Graças a Deus vivemos um novo tempo, um tempo de paz, de democracia, de liberdade. Mas tem coisas que parecem não mudar. Uma dessas coisas é a mentirada e a boataria. Assistindo ao programa eleitoral gratuito ouvi as promessas mais descabidas: asfaltar a transamazônica (se tem tanto asfalto porque não asfaltam as ruas da cidade ou restauram as rodovias que estão esburacadas?); salário mínimo de R$ 600,00 (o orçamento do ano que vem já está aprovado e não existe possibilidade de mudar); 13º para o Bolsa Família; transformar os hospitais particulares em hospitais do SUS; Acabar com impostos para ônibus para reduzir o preço da passagem (acredite, se quiser!). Quando acabou o horário político me perguntei se alguém acreditaria naquilo, naquela mentirada toda, minha dúvida só durou até o dia seguinte quando alguém me afirmou que votaria no candidato X porque ele iria ... (citou uma das propostas acima citadas), tem gente cuja filosofia de vida se baseia no “me engana que eu gosto”.
Outra coisa que não muda é a boataria pré-eleitoral. Já vi acusarem um candidato no dia da eleição de estar por trás do seqüestro de um empresário (engraçado que o seqüestro durou até as urnas serem fechadas), noutro ano acusaram o candidato Lula de abandonar a filha. Certamente você já ouviu diversas outras acusações contra candidatos. Este ano não tem sido diferente. Já ouvi coisas absurdas contra os candidatos: de satanista até a acusação de assassinato. Numa eleição aparece uma atriz falando do seu medo em relação à eleição de alguém, noutra aparece uma roqueira acusando a candidata de “cara de fome” (qual será a pena pra quem comete o crime eleitoral de “cara de fome”?).
Contra as falsas promessas e a boataria use a arma do “voto consciente”. Quanto às promessas se faça a seguinte pergunta: quando este candidato ou seu partido esteve no poder, como ele tratou esta questão? Se nunca fez nada ou se o que fez é o contrário do que está dizendo agora, como você pode acreditar na promessa? Se nunca foi candidato, se pergunte: que tipo de envolvimento ele tem na comunidade? Com quem ele esteve aliado politicamente nos últimos anos? Ao encontrar as respostas, decida se vale a pena votar no dito cujo.
Contra as boatarias use a verdade. Pesquise. Se tiverem procedência e forem realmente graves, vote somente nos ficha limpa, dê uma justa causa nos políticos sem-vergonha. Mas cuidado com as acusações vazias, os factóides, as denuncias sem prova. Ter “cara de fome” não é crime, pensar de um modo diferente e ter lutado por ideais também não.
No dia 3 de outubro não deixe que ninguém faça a sua cabeça. Ore, busque de Deus direção e siga sua consciência. Vote Limpo! Com a Consciencia Limpa! Com Candidatos Ficha Limpa!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

LIBERDADE, LIBERDADE! ABRE AS ASAS SOBRE NÓS

Nasci sob o Regime Militar, numa cidade controlada pelos coronéis da política. Naquela época ter opinião política contrária era extremamente perigoso. Homens e mulheres foram expulsos, presos e até mortos, só por pensarem diferente. Ainda me lembro do meu pai sendo “caçado” por homens de arma em punho, como se fosse um animal peçonhento, porque ousara fazer uma crítica ao coronel mais poderoso.
Quando me lembro destas coisas me apego ainda mais à liberdade. Quem defende a liberdade às vezes é confundido com o intransigente, o pavio curto e até pode ser tido como alguém que deve ter sido amarrado ao pé da mesa quando ainda era criança, por causa do horror à falta de liberdade, seja física, ideológica, psicológica, religiosa ou de qualquer natureza. Quero o direito de cantar bem alto: “o que é meu direito eu exijo, não peço, com a intensidade de quem quer viver e optar: ir ou não por ali”. Defendo as minhas idéias como quem guarda sua terra, como quem luta por sua sobrevivência, como quem defende suas crias. Mas quero que este direito seja para todas as pessoas por mais que eu não concorde com o que elas dizem, ou como diz a frase atribuída a Voltaire: “Eu desaprovo o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo”. Talvez por isso, embora respeitando a liberdade de escolha religiosa de todas as pessoas, tenha preferido ser batista, por nossa democracia, autonomia da igreja local e a defesa das liberdades, embora nem sempre veja isso na prática denominacional.
O amor à liberdade me faz vibrar com a festa da democracia, com as eleições. Como diz a canção: “só quem morreu na fogueira sabe o que é ser carvão”. Só quem vivenciou a época da privação sabe quanto liberdade é cara, preciosa.
Aproveitando a semana da Independência é preciso encontrar um jeito de contar aos mais novos os riscos dos regimes autoritários, das ditaduras, para que nunca mais os experimentemos. Apesar das imperfeições que possa apontar na democracia brasileira, concordo com Winston Churchill que “a democracia é a pior forma de governo, excetuando-se todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”. É claro que em nossa jovem democracia ainda há injustiças, é claro que tudo é mais fácil para os detentores do poder econômico, estão aí os candidatos ricos derramando dinheiro em campanhas milionárias para ocuparem os cargos mais importantes do país. Mas estamos amadurecendo. Creio que nossa democracia está se aperfeiçoando lenta e gradativamente. Neste caso aplica-se a frase: “a direção é mais importante que a velocidade”. Estamos à caminho, estamos na direção certa. Se soubermos manter aquilo que já conquistamos e ampliarmos as conquistas, em breve teremos um sistema mais justo e uma democracia mais robusta.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

QUANDO A VIDA VAI AO CHÃO

“...há tempo para todo o propósito ... tempo de derrubar e tempo de edificar” - (Ec 3:1,3)

Dois fatos dominaram os noticiários esta semana. As demolições das barracas de praia e da Fonte Nova. Ambos tinham um tom triste, melancólico, saudosista. Vi atletas e torcedores dando declarações e se despedindo da velha Fonte. Também vi barraqueiros chorando ao virem suas barracas e seu ganha-pão tombarem na areia.
Embora os dois sejam demolições e os dois tenham certo ar melancólico e saudosista, há duas lições bem distintas em ambos. Derrubar quase sempre está associado à perda. Normalmente associamos derrubar a algo ruim, sofrimento e dor, mas estes episódios parecem nos mostrar como fatos semelhantes podem trazer experiências e sentimentos diversos.
A demolição das barracas de praia comprova a regra de que derrubar é sempre ruim, sofrido e às vezes até desesperador. Era de cortar coração os depoimentos de homens e mulheres. A falta de perspectiva, a falta de esperança de que alguma coisa acontecesse para minimizar a sua dor ou resolver o problema, fez com que pessoas pensassem em medidas extremas. Pessoas se amarraram a botijões de gás, intentando contra a própria vida, declarando com seu gesto de que lhes faltava esperança pra viver dali por diante e que preferiam até morrer. A demolição era ruim, sem propósito, sem esperança.
Já na demolição da Fonte Nova o sentimento maior era outro. Havia saudade, havia sofrimento, mas havia esperança. A certeza de que o sofrimento será compensado pelo futuro brilhante, pelo estádio melhor que será erguido no mesmo local, faz que a dor seja suportada até com certa alegria, como a mãe que dá a luz. Há despedida, mas ela tem o gosto de reencontro, é partida com sabor de chegada, é adeus com tom de até breve. É a demolição boa, com propósito e cheia de esperança.
Estes dois eventos são parábolas da vida. Na vida podemos experimentar demolições sem propósitos, sem razão de ser. Derrubadas que são só sofrimento e dor, resultado da irresponsabilidade de outro, onde somos apenas vítimas passivas do processo. Uma das piores tragédias da vida é a dor sem lições, dor sem razões. Mas existe outro tipo de demolição. É preciso aprender que dentre os propósitos da existência está o “derrubar”. Precisamos aprender que há horas que a única coisa a fazer é jogar ao chão, fazer cair, “perder”. Não se pode edificar algo novo quando a velha estrutura ainda está ali, de pé. É bom entender que para que as nossas tendas sejam ampliadas, as velhas tendas devem ser derrubadas. Na linguagem bíblica é tempo de derrubar, para que venha o tempo de edificar.
Quando vemos a vida ir ao chão, lamentamos. Quando experimentamos a perda, reclamamos. A grande sacada da vida não é viver sem perdas ou demolições, mas dizer com o profeta: “bom é trazer a memória aquilo que nos traz esperança”. A diferença entre ambos não está no passado, de glória, nem no presente, de dor, mas no futuro, naquilo que Deus edificará depois da demolição, no novo que Ele fará em nós e por nós.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

LAPIDAR UMA MULHER

"Mestre, esta mulher foi surpreendida em ato de adultério. Nos foi ordenado apedrejar tais mulheres. E o senhor, que diz? " (João 8:4,5)
O mundo está estarrecido com a decisão do tribunal iraniano de condenar à morte, por apedrejamento, uma mulher, apanhada em adultério. O Brasil se ofereceu para recebê-la como refugiada. A minha cabeça gira, sentimentos se misturam, confusão.
Primeiro porque a reação do mundo tem um tom espetacular. Todos parecem estar diante de um fato inusitado, inédito. Na verdade este fato é um deja vu. Só pra falar de outro evento espetacular recente, em 2003 na Nigéria, onde a mulher teve a sentença adiada porque estava amamentando. O tribunal decidiu que ela só seria lapidada (nome dado ao ato de apedrejá-la) até à morte, depois que o filho fora desmamado. Daquela época só resta o poema de Affonso Romano Sant’Anna “Lapidar Uma Mulher”.
Segundo porque a reação de todos parece fazer acreditar que este tipo de barbárie contra a mulher já não mais existe em nossa sociedade. Porém, todos os dias os noticiários falam de homens matando mulheres pelos motivos mais vis, se é que há motivo pra se tirar a vida de alguém. Há cerca de 30 anos atrás um sujeito resolveu marcar o rosto de sua mulher com ferro em brasa com as letras MGSM (Mulher Gaieira Só Matando). Tal violência nos faz estremecer, talvez por causa do tom teatral. Mas violência contra a mulher é algo que vem de longas datas e que infelizmente está longe de terminar e acontece bem mais perto da gente do que se imagina.
No Irã, como na Nigéria e na maioria dos países de religião fundamentalista acredita-se que uma mulher pega em adultério precisa ser lapidada (apedrejada). Mas parece que este também é o sentimento de muitos que acreditam que palavras, pedras, socos, facas, tiros são instrumentos para lapidar a mulher e lavar a honra dos homens.
É interessante que uma única palavra possa ter significados tão diferentes. Lapidar pode significar apedrejar, tirar a vida, matar. Mas na minha infância lapidar significava trabalhar uma pedra preciosa, ressaltar as suas qualidades, tirar todas as imperfeições para que aquilo que é verdadeiramente precioso apareça. Na linguagem de Affonso Romano Sant’Anna:
     “Há quem tente lapidar / uma mulher / como se lapida / jóia rara / e pedra bruta.
      Com escalpelo / cinzel / buril / inscrevem nela uma figura, depois /
       a expõem nos salões / revistas e altares / apregoando quantos camelos /
       quantos colares / vale o dote / -da criatura.
      Na Nigéria também / lapida-se mulher / mas de forma / inda mais dura”.
O maior protesto que se pode fazer contra esta violência cometida no Irã ou na Nigéria, a melhor forma de mostrar a estes bárbaros o quanto estão errados não é oferecer abrigo político, embora seja uma tentativa nobre, mas será que teremos território para abrigar todas as mulheres a serem lapidadas? O que faria o mundo tratar de forma diferente a mulher não é o jogo diplomático. O que fará diferença de verdade é a forma como tratamos as nossas mulheres, é a maneira como as lapidamos. É fazer como Jesus, mesmo quando estiverem erradas receberem a oportunidade de continuarem conduzindo as suas vidas rumo à uma vivencia mais plena, mais digna. É aprender com Jesus a verdadeiramente Lapidar uma mulher: “eu não te condeno, vá e não peques mais”. Vá e viva a vida abundante, e mostre o seu lado mais bonito, mostre-se como uma pessoa digna.
Portanto a minha bandeira de protesto contra a violência feminina no Irã ou em qualquer parte do mundo é que de forma prática, no dia a dia mostremos como se lapida uma mulher.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

VENDO O INVISIVEL

Na Babel religiosa dos nossos dias até os conceitos mais simples ficaram confusos, por exemplo, fé. O que é fé? Para os desavisados é «apostar», tanto que alguns dizem que vão fazer uma fezinha. Para outros é confiar que algo vai acontecer. Segundo a bíblia é «a prova das coisas que não se vêem». Ter fé é confiar não que alguma coisa vai acontecer, mas confiar n’Aquele que não falha, que não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. É confiar que mesmo que nada aconteça, que os montes não desapareçam, que a noite continue escura, Deus está aqui conosco, nos amando, nos ajudando.
Fala-se muito do rito de passagem para a vida adulta entre os índios Cherokees. O rito consiste em o pai levar o filho para a floresta durante o final da tarde, vendar-lhe os olhos e deixá-lo sozinho.
O filho, então, se senta sozinho no topo de uma montanha toda a noite e não pode remover a venda até os raios do sol brilharem no dia seguinte. Ele não pode gritar por socorro para ninguém. Se ele passar a noite toda lá, será considerado um homem. Ele não pode contar a experiência aos outros meninos porque cada um deve tornar-se homem do seu próprio modo, enfrentando o medo do desconhecido.
O menino está naturalmente amedrontado. Ele pode ouvir toda espécie de barulho. Os animais selvagens podem, naturalmente, estar ao redor dele. Talvez alguns humanos possam feri-lo. Os insetos e cobras podem vir picá-lo. Ele pode estar com frio, fome, sede e muito medo. O vento sopra a grama e a terra sacode os tocos, mas ele se senta estoicamente, nunca removendo a venda. Segundo os Cherokees, este é o único modo dele se tornar um homem.
Finalmente... Após a noite horrível, o sol aparece e a venda é removida.  Ele então descobre seu pai sentado na montanha perto dele. Ele estava a noite inteira protegendo seu filho do perigo.
Nós também nunca estamos sozinhos! Mesmo quando não percebemos Deus está olhando para nós, 'sentado ao nosso lado'. Quando os problemas vêm, tudo que temos a fazer é confiar que ELE está nos protegendo.
Apenas porque você não vê Deus, não significa que Ele não esteja conosco. Nós precisamos caminhar pela nossa fé, não com a nossa visão material. Evite tirar a sua venda antes do amanhecer...
'É melhor refugiar-se no Senhor do que confiar no homem.' Salmos 118.8

quinta-feira, 29 de julho de 2010

JUVENTUDE

Ouvi certa vez um velho sábio dizer: “ah! Se os jovens soubessem e se os velhos pudessem”. Palavra com a qual concorda o poeta quando diz: “esses moços, pobres moços, ah! Se soubessem o que eu sei ... não passavam aquilo que eu já passei”. Assim sendo gostaria de presentear a nossa juventude com alguns conselhos, fruto da minha experiência errante, como peregrino, que está alguns passos adiante, que já passou pelas estradas que eles agora trilham.

Aproveite o dia de hoje, viva-o bem, intensamente e da melhor maneira que puder.

Não se preocupe tanto com o futuro, prepare-se da melhor forma para enfrentá-lo, mas não o tema, nem o deseje, nenhum de nós sabe como ele será. Não nos foi dado o direito e o poder de controlá-lo. Ele virá, em determinados momentos nos convidará a rir, noutros nos fará chorar. Aprenda que toda preocupação é vã e inútil.

Cuidado com os sentimentos seus e dos outros. Faça amigos e conserve as amizades. Ter ou não amigos faz muita diferença, especialmente nos dias ruins. Não brinque, nem seja leviano com os sentimentos das pessoas. Podemos marcar ou manchar a vida daqueles que convivem conosco. Esforce-se para marcar e de forma positiva. Seja sincero consigo mesmo, fuja dos sentimentos ruins e não os alimente por mais que pareça valer a pena fazê-lo.

Dê uma olhada na sua bagagem, jogue fora todo peso desnecessário. A jornada será longa, mantenha na sua mochila somente o que lhe trouxer prazer. Descarte todo peso morto, tudo que lhe suga as forças. Guarde os elogios, os reconhecimentos e continue trabalhando para merecê-los. Guarde os bilhetes de amor, eles lhe lembrarão dos melhores sentimentos vividos ao longo da vida e o farão enxergar que viver vale a pena.

Exercite-se, cuide do seu corpo e da sua mente. Caminhe, pratique esportes, leia, assista uma peça de teatro, vá ao cinema, viva! Mas principalmente observe o conselho de outro caminhante, peregrino e veterano que nos aconselha: “Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude”.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

PAIS & FILHOS

Amo ver os pais paparicando seus filhinhos. Outro dia vi um pai todo orgulhoso querendo que seus amigos vissem tudo quanto sua filhinha já sabia fazer. “Mostra pro titio que você faz. Mostra filhinha, faz pro titio”, mas a menina insistia em fazer outra coisa. O pai ficou numa situação ‘ridícula’, fazendo ele mesmo o que a criança deveria estar fazendo, e nada. Frustrado e resignado se deu por vencido e justifica: “ela faz direitinho, mas está com vergonha”.

Amo ver porque a cena é cativante, é uma cena amorosa. Mostra que o amor é capaz de valorizar as coisas mais simples. Mostra que quando amamos mesmo as coisas ‘mais insignificantes’ ganham contorno de conquistas extraordinárias.

Pensando essas coisas ‘viajei’ e comecei a pensar em nossa relação filial com nosso Pai do Céu. Pensei na cena do batismo de Jesus e de como o Pai, todo alegria ao ver seu filhão fazendo algo que lhe agrada, declara: ‘este é meu filho. Que prazer que tenho nele! Este menino só me dá alegria’. O Pai convida o universo inteiro, seres desse e do outro mundo a ouvirem a declaração amorosa de um pai apaixonado que se delicia com os pequenos gestos do seu pequenino. Tudo isso acontece por um filho, que sabendo o que seu pai gosta, esforça-se para agradá-lo. A reação paterna é instantânea e maravilhosa: “vejam, este é o meu filho, que me faz feliz”.

Desejei ser um filho assim. E nesses pensamentos me perguntei como saberia o que o Pai deseja que eu faça pra que ele se alegre? Fiquei imaginando Deus me concedendo dons, porque os acha mais afeitos ao meu temperamento e personalidade, algo que se encaixe direitinho comigo e com o meu potencial. Como um pai que compra brinquedos que ajudem seu filho a se desenvolver, e que fica todo feliz ao vê-lo exibindo seus talentos e competências diante dos seus amigos. Fiquei imaginando Deus, como o Pai Maravilhoso, todo feliz ao ver seus filhos “se exibirem” com os dons que Ele lhes dá.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quase Lá!

Outro dia ouvi uma senhora muito culta elogiando um homem simples por sua sabedoria. Ela o definiu como uma pessoa sem formação acadêmica, mas um sábio, formado pela escola da vida. Me pus a pensar o que isso significaria. Quem é que pode ser aprovado na escola da vida? Normalmente os de cabelos embranquecidos se julgam aprovados e capazes até de oferecer sua “experiência de vida” aos menos vividos. Cabelo branco não é sinal de experiência, nem de aprovação na vida. Para se ter experiência, e ser aprovado na escola da vida é preciso mais que viver muito, é aprender as lições com os fatos vividos e ou sabidos. Alguém já disse que sábio (aprovado na escola da vida) é quem aprende com seus erros e que mais sábio (aprovado na escola da vida com louvor) é quem aprende com os erros dos outros.
A copa é um evento que mexe quase que o mundo todo por um mês a cada quatro anos. É impossível que um evento como este sirva apenas para saber quem é a melhor seleção de futebol. A estrutura montada, que consumiu milhões de dólares e anos de trabalho, deve trazer benefícios aos moradores do país sede e todos nós temos que aprender algumas lições que ajudem a melhorar a nossa vida.
Assim gostaria de tirar lições de três momentos distintos da copa na África do Sul. Nestes três momentos vimos três seleções que quase chegaram lá, que por pouco, muito pouco, não passaram para a próxima fase e assim pudessem continuar sonhando com o título.
No jogo Gana X Uruguai o jogo transcorreu empatado até os últimos segundos da prorrogação, quando Gana teve a oportunidade de fazer o gol, o que só não aconteceu por causa da mão salvadora do atacante do Uruguai. Como punição o atacante foi expulso e a seleção de Gana teve um penalty a seu favor. Caso fizesse o gol, a partida estaria definida e Gana passaria à próxima fase e o selecionado uruguaio voltaria pra casa mais cedo. Colocada a bola na marca penal, o jogador ganense corre, bate e a bola caprichosamente bate no travessão e sobe. Gana ficou fora por causa de 5 cm. Fosse aquela bola batida 5 cm abaixo e ela teria entrado e a história da copa poderia ser outra ao menos para Gana. Um detalhe tirou de Gana o sonho.
Outro momento extremamente didático foi o jogo entre Paraguai e Espanha. Todos sabiam que seria um jogo muito difícil para o Paraguai. A Espanha era a favorita e o Paraguai sabia que não podia se dar ao luxo de perder uma oportunidade sequer. Quando aparecesse teria que ser eficiente e marcar. Pois bem, aos 13 minutos do segundo tempo a Espanha comete uma falta dentro da área, penalty. Aquele era o momento mais esperado da partida. Caso fizesse o gol, o Paraguai só teria que se defender, não levar mais nenhum gol e pronto estaria na próxima fase. Bola na marca, o atacante chuta a bola e ... perdeu. Mais alguns minutos, gol da Espanha. Novamente aos 43 minutos a última chance do jogo a favor do Paraguai e nada. O Paraguai dá adeus a copa, porque não soube aproveitar as chances que lhe foram oferecidas.
O outro momento marcante da Copa foi o jogo entre a Itália e Eslováquia. Apesar do favoritismo da Itália, até por ser a campeã da última copa, o que vimos foi um time sonolento que embora enfrentasse um adversário limitado, foi surpreendido tomando logo 2X0 e deixando para reagir e jogar algum futebol apenas nos últimos 15 minutos do jogo o que foi suficiente para diminuir o vexame, mas não para evitar a desastrosa derrota por 3X2.
Na escola da vida precisamos aprender que viver é cuidar dos detalhes. A diferença entre a vitória e a derrota está nos detalhes. Gana perdeu a chance por 5 cm, quantas vezes perdemos a chance da vida por causa de um detalhe que não cuidamos. Também é preciso aprender que na vida não existe sorte ou azar, tudo é uma questão de aproveitar as oportunidades que a vida nos dá. Lembre-se a oportunidade é careca, pegue-a assim que passar ou jamais tornará a pega-la. E na escola da vida é preciso aprender, se quisermos aprovação, que a hora de agir ou reagir seja agora. Não se entregar é bom, e quanto mais cedo fizer isto mais chances de vencer. Lembre-se: quase lá, é a mesma coisa que não atingir o alvo.

terça-feira, 22 de junho de 2010

ESQUECERAM DE MIM

Lucas 2:45
Assistindo ao filme esqueceram de mim, sinto dó daquele menino. Sinto-me tocado por sua situação, pelo sentimento de abandono, pela solidão, pelo desespero, pelos riscos a que está submetido. Mas também me inspiro com sua forma de enfrentar o problema. Sabendo que não tem mais com quem contar, se vira sozinho. Ao invés de lamentar o que não tem, ele se prepara para o tempo da adversidade, sem se sentir o coitadinho, nem tendo pena de si mesmo. Ao invés de se ressentir, lembra dos que se esqueceram dele com afeto e faz disso a sua força.
Uma das piores sensações da vida é se sentir esquecido. Talvez porque o ‘esquecimento’ carregue em si outros sentimentos. Se alguém esquece outro alguém, este esquecimento está carregado do sentimento de dês-valor, de falta de importância. Quando alguém se sente esquecido, sente-se abandonado e solitário, a idéia que invade o ser é de rejeição. O esquecimento significa que as adversidades e os problemas serão enfrentados em solidão. Por tudo isso, quando se é esquecido tende-se ao desespero.
Em Lucas 2 encontramos Jesus absolutamente esquecido por seus pais numa cidade grande. Após 3 dias de esquecimento Ele é finalmente encontrado por José e Maria. Apesar do tempo decorrido não vemos no relato de Lucas uma reação amedrontada, desesperada ou mesmo de solidão. O encontramos tocando a sua vida e trabalhando o seu futuro. Por que será que Jesus, diferentemente da maioria dos seres humanos encara o esquecimento de uma maneira distinta? Algumas respostas encontramos no próprio texto. Em primeiro lugar, Ele sabia quem era, e qual o seu valor. Muitas vezes dependemos do valor que o outro nos atribui, para nos sentirmos valorizados. Jesus declara “estou tratando dos negócios do Meu Pai”. Uma boa maneira de minimizar o sofrimento pelo esquecimento de alguém é saber quem se é, e aceitar o valor que o próprio Deus atribui a você. Em segundo lugar, Ele sabia que o que dá sentido à vida é compreender e cumprir o propósito da existência. Quando procurado e cobrado pelo fato de não ter acompanhado os pais e a comitiva Ele respondeu dizendo que a sua vida estava absolutamente em dia com sua missão: “estou tratando dos negócios do Meu Pai”, vim pra isso e estou cumprindo o objetivo da minha vinda. Em terceiro lugar, embora esquecido Jesus jamais se esqueceu das pessoas a quem amava, ao invés de valorizar o fato de ser esquecido, trabalhou para não se esquecer de quem amava. Por último, sabia que embora pudesse ser esquecido por seu pai ou mesmo por sua mãe, jamais seria esquecido por Deus.
Portanto é salutar aprender com Jesus a maneira de enfrentar o esquecimento e o descaso que muitas vezes sofremos por parte das pessoas, até mesmo daquelas a quem amamos. É necessário saber que ao invés de potencializar quem nos esqueceu, cuidar para não esquecer as pessoas que lhe são importantes. E antes de tudo, jamais se esquecer que ainda que seu Pai ou sua Mãe lhe abandonem, Aquele que lhe ama de verdade, o Deus dos deuses jamais te abandonará.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

FRUTOS

Parecia um déjá vu, a cena parecia se repetir. Uma senhora entra no ônibus pela porta da frente, o motorista exige a identidade para comprovar sua idade. A senhora pragueja contra o motorista e conclui perguntando se ele a está acusando de ser uma fraudadora. Alguns pontos depois a senhora desce, no ponto seguinte uma senhora entra no ônibus pela porta da frente, o motorista exige a identidade para comprovar a sua idade. A senhora então se dirige ao motorista com um elogio: Obrigada pelo elogio, que bom que você acha que não aparento minha idade.
O que mudou? O que estava dentro, aquilo que somos no íntimo, de verdade. A situação era a mesma, o problema o mesmo, a diferença era o que cada uma tinha dentro de si. Jesus diz que não se colhe figo de espinheiro, nem frutos bons de árvores más. Para estas senhoras Jesus diria: a boca fala do que enche o coração. Numa outra referencia Ele diria: a árvore é conhecida pelo fruto. O que me faz acreditar que existir perto da primeira senhora deve ser extremamente ruim, as pessoas à sua volta devem morrer afetivamente, devem detestar o fruto que dela colhem. Por outro lado deve ser extremamente agradável conviver com a segunda senhora e degustar os frutos que ela produz.
Quando entendemos este princípio, entendemos melhor as palavras de Jesus sobre dar a outra face ao que lhe agredir. Somos às vezes tentados a pagar na mesma moeda, dente por dente, olho por olho. Agir como o outro age conosco. Quando agimos assim estamos clonando a árvore ruim que ele carrega dentro de si e que produziu o fruto que não gostamos. Significa que estamos ligados à mesma raiz. Jesus nos desafia a cortar esta dependência emocional e produzir os nossos próprios frutos. Ele diz que somos árvore boa e que os nossos frutos precisam ser bons.
O mundo anda de tal modo de cabeça pra baixo que quem age de forma mesquinha se gloria de estar punindo, machucando e ferindo o outro, e quem não reage na mesma medida parece um perdedor. Mas vencer de verdade é ser proativo, é continuar produzindo seus frutos bons, apesar de todos a sua volta produzirem frutos ruins. Nas palavras de Jesus isso é vencer, é triunfar sobre todos os males: “eu venci o mundo” (João 16:33).

quinta-feira, 3 de junho de 2010

DIA DOS NAMORADOS

Hoje começa a semana mais romântica do ano. A vida cheira a romantismo. Sei que alguns acham estas coisas ridículas, mas como diria Fernando Pessoa, “se há amor tem de ser ridícula ...”. No natal as crianças esperam papai-noel. No dia dos namorados, os apaixonados esperam o amor. Amor que se manifesta nos presentes, nas canções, nas declarações, nos bilhetes de amor, nos beijos ardentes.
Quando criou o homem, Deus o fez do barro, corpo tirado da terra. Logo em seguida Ele fez a mulher e no coração de Adão algo aconteceu, meio sem saber porque e se sentindo ridículo, o romântico Adão declamou o primeiro poema: ““Agora sim! Esta é carne da minha carne e osso dos meus ossos”.
Que pena que o romantismo não esteja na moda. Como diz a canção: “romântico é uma espécie em extinção”. Mas reafirmo com o poeta: “românticos são lindos, românticos amam sem vergonha e sem juízo e mesmo certos vão pedir perdão”. Que pena que seja apenas um dia por ano. O mundo fica tão melhor, que deveria durar mais. Aos que acham que ser romântico não está com nada, quero compartilhar um testemunho de felicidade de uma senhora de 72 anos. Brincando lhe sugeri casar-se de novo e ele prontamente respondeu. “Não, de jeito nenhum, nem de brincadeira. Meu marido foi um homem que soube conquistar uma mulher. Jamais se esqueceu do meu aniversário ou do nosso aniversário de namoro. No dia dos namorados sempre fui surpreendida por algo diferente e romântico. Ainda guardo presentes, mas acima de tudo as lembranças de um grande amor”. Ali vi a força do amor e do romantismo. Um amor não morre, permanece insubstituível, mesmo depois de tantos anos ainda traz as lembranças que a fazem se sentir importante e feliz.
Por isso, aproveite o dia dos namorados e o clima romântico pra abrir seu coração, declamar um poema, dar um presente. Escreva uma carta de amor. Aliás, tem gente que não escreve porque tem medo de ser ridículo, e pra acalmar este medo faço meus os versos de Fernando Pessoa: “Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas. As cartas de amor, se há amor, têm de ser Ridículas. Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor é que são Ridículas”. Ame, Declare o seu amor de todas as formas, toque o coração de quem você ama e Feliz Dia dos namorados!!

terça-feira, 25 de maio de 2010

RENOVANDO E INOVANDO

Assisti a um filme que tem o título em inglês “Ladyhawke”. Uma linda história de amor, inspirada numa lenda antiga fala dos inimigos do amor verdadeiro. Um religioso lança uma maldição sobre o casal que fica impedido de viver plenamente seu amor. A maldição fez com que vivam ela como uma Ave durante o dia e ele como Lobo à noite. Mas narra também a vitória de um amor que é maior que todos os inimigos. Após intensas lutas e dores, conseguem se livrar da maldição e desfrutam do amor que é mais forte que a morte.
A história fala dos inimigos do verdadeiro amor e da luta dos que amam para manter vivo o amor que dá cor, cheiro e sabor à vida. Para os que amam, a vida sem amor é meia vida. Na canção de Djavan “só sei viver se for por você”. Quem ama também sabe que "Amar é quase uma dor".
Disso tiramos duas conclusões óbvias: primeiro, amar vale a pena. Segundo, amar tem seu preço. Hoje celebramos as renovações de votos matrimoniais, as juras de amor, a alegria de amar para sempre.
Mas hoje tem que ser dia de um compromisso novo, de uma nova aliança. A aliança da inovação, da reinvenção do amor que não envelhece, da redescoberta do amor que carece de cuidado diário porque é como a chama frágil de uma vela, que ao menor vento pode estremecer. Não é só renovar, mas inovar. Fazer um amor novo, olhado de um novo prisma, de um outro ponto de vista. O poema abaixo pode ser visto de dois pontos de vista diferentes, e isso faz toda a diferença. Leia pacientemente:

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais..."
Agora leia de novo, mas de um jeito diferente. Leia de baixo pra cima.
Como diz a canção: “Cuide tudo que for verdadeiro / Deixe tudo que não for passar / Palavras duras em voz de veludo / E tudo muda, adeus velho mundo / Há um segundo tudo estava em paz / Cuide bem do seu amor ...”

Ame, vale a pena apesar das lutas. Lute por seu amor, apesar das dores, vale a pena.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

PPP Preço da Paz Permanente

Um episódio ocupou as páginas dos jornais e as mentes das pessoas em todo o mundo durante a última semana. O acordo entre o Brasil, a Turquia e o Irã. Era visível que alguns tanto no Brasil quanto fora torciam para que a missão do Presidente Lula no Irã fosse um fracasso. Caso fosse bem sucedido em sua missão o mundo inteiro poderia respirar mais aliviado, por não temer que armas de destruição em massa estivessem nas mãos de loucos radicais. Ora, se era algo tão bom, por que tinha gente torcendo contra? A torcida contra foi tão grande, que tão logo o acordo foi fechado saíram alguns a dizer que uma coisa era dizer, outra coisa era assinar. Outros falaram que uma coisa era assinar, outra coisa era cumpri-lo. E mais tarde outros disseram que apesar de assinar e até cumprir, o acordo tinha por intenção ganhar tempo até que o Irã tenha condições de produzir a bomba. Era tão evidente a vontade de que o acordo não desse certo, que imediatamente os Estados Unidos enviaram a ONU proposta de mais sanções contra o Irã. Segundo alguns para acreditar no Irã é preciso certa dose de ingenuidade, é preciso ser infantil.
Paz é a grande necessidade do mundo, apesar disso, parece que não é uma prioridade pra todos, nem o anseio de alguns. Posso listar diversas razões pra isso.
Em primeiro lugar, porque fazer guerra é mais fácil que promover a paz. Para uma guerra se instalar basta um olhar, um gesto, uma palavra, uma agressão, um tiro, um interesse contrariado, enquanto que para alcançar a paz é preciso reconhecer o erro, abrir mão de direitos, acreditar no outro, é preciso ser um otimista mórbido, é preciso ser criança.
Em segundo lugar, porque a guerra pode ser mais lucrativa que a paz. Os mercadores da morte fazem sua riqueza e sua fama na violência da guerra. Seu lema é “Sua tristeza é nossa maior alegria”.
Em Terceiro lugar, porque a guerra e o ódio podem ser muito mais produtivos e duradouros que a paz e o amor. Por conta dos recursos envolvidos e da pesquisa para se aprimorar a máquina de matar, traz como efeito colateral benefícios tecnológicos para a sociedade em geral. Também é inegável que o ódio pode ser um colante mais poderoso que o amor e a paz. As relações baseadas no ódio e no medo tendem a ser mais duradouras que aquelas mantidas por amor, como diz o poeta: “Não seja imortal, posto que é chama”, a chama do amor é chama de vela, o fogo do ódio é fogo de vulcão, uma chama quase inextinguível.
O episódio do Irã serve muito bem para ilustrar as nossas relações interpessoais. As lições mais evidentes são: há muita gente dizendo amar a paz, mas que está mais interessada em guerra, em inimizade, em fomentar os sentimentos ruins. Tem gente que se alimenta de ódio e tem grande interesse em promovê-lo e por fim, o ódio, se alimentado, torna-se inextinguível.
Para acreditar num mundo de paz é preciso ser ingênuo, é preciso ter a alma pueril, infantil, ser como criança. Não há nada que mais deseje para a minha vida. Desejo ardentemente me tornar cada vez mais como criança, coração puro, que faz do inimigo de ontem o melhor amigo de hoje. Para que a paz reine entre nós, não há outro jeito. É abrir mão da maturidade odiosa dos adultos e tornar-se imaturamente amoroso, como as crianças.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mãe: Anjo Divino

No dia das mães recordo da minha infância. Talvez porque seja invadido por aquela idéia maternal de que os filhos permanecem pra sempre crianças. Os analistas de plantão dirão que talvez seja Síndrome de Peter Pan. Mas talvez seja só um desejo de reencontrar um tempo, personagens e cenários que só habitam os porões da minha alma. Seja qual for a razão me faz muito bem. Lembrar as brincadeiras de carrinhos de rolimã, de fura pé, as cantigas de roda, boca de forno, dos banhos de chuva e dos mergulhos no rio, pulando da ponte velha. Como tenho pena da minha filha e suas brincadeiras assepticas e virtuais.
Mas também no dia das mães relembro os conselhos da minha mãe, dos ditados populares que eram citados à exaustão e que de uma forma ou de outra contribuíram para ser quem sou e fazer o que faço. Tenho pra mim que se Adão e Eva no paraíso tivessem ouvido estes conselhos, teriam pensado duas vezes antes de comerem do tal fruto do conhecimento.
Quando me ouvia conversando com alguém que poderia me conduzir a caminhos tortuosos (Gn 3:1), cansei de ouvir o ditado: "As Más Companhias Corrompem os Bons Costumes". Numa linguagem ainda mais popular poderia se dizer: "quem se mistura com porcos, farelo come", ou ainda, "quem dá ousadia a cachorro dorme na cinza".
Quando a conversa não cessava e eu argumentava que o tal não queria me perverter, mas apenas conversar (Gn 3:1-3), ela me advertia que o "diabo usa sapatinho de lã", nunca tive coragem de lhe perguntar como sabia disso, afinal de contas sempre soube que o diabo tem cascos, portanto desprovido do privilégio de usar sapatos. E como se não bastasse ainda me informava: "quem quer pegar passarinho não diz, xô". Me advertia dizendo que eu deveria tomar cuidado e não dar muito ouvido à conversa (Gn 3:4), afinal de contas, dizia ela: "Antes que o mal cresça, corte-lhe a cabeça".
Quando chegávamos em casa com propostas de ganho fácil ou de muitas facilidades na vida (Gn 3:5,-7), éramos trazidos à realidade ouvindo: "quando a esmola é demais até o santo desconfia" ou ainda "laranja madura na beira da estrada ou tá bichada Zé, ou tem morimbondo no pé". E se depois disso tudo fizesse ouvido de mercador, e quebrasse a cara, ouvia minha mãe me chamar à responsabilidade dizendo em alto e bom som: "Quem não ouve conselho, ouve coitado".
Mas se há uma coisa que lembro bem da minha mãe é do seu coração. Quantas vezes, depois de todos os conselhos, avisos e reprimendas, saímos da linha e experimentamos a dor, a angústia e o desespero e sempre encontramos um coração afetuoso, molenga. Era capaz de sair do lugar do seu sossego e correr ao nosso encontro (Gn 3:8), era capaz do prover o que precisávamos de forma mais imediata (Gn 3:21). Mas também era capaz de nos animar, de falar do futuro nos enchendo de esperança (Gn 3:15), nos dizendo que "não há bem que muito dure, nem mal que nunca se acabe", e recitando o texto sagrado no chamava a não desanimar: "se te mostrares frouxo no dia da angústia, a tua força será pequena" (Pv 24:10).

No dias da mães meu coração pueril compreende a verdade que só quando nos tornamos como crianças, somos capazes de conhecer, que Deus tem um coração maternal e que as mães são anjos que Ele nos concedeu para cuidarem de nós e nos ensinarem a voltar ao Paraíso, ao lugar do jardim de Deus (Gn 3:23, 24) onde podemos brincar como crianças, cantar de novo as cantigas de roda: "ciranda, cirandinha vamos todos cirandar ..."

sexta-feira, 30 de abril de 2010

A DISNEYLÂNDIA É AQUI

Esta semana o mundo mágico da Disney desembarca em Salvador. As crianças de todas as idades verão o “mundo dos sonhos infantis” ao vivo e em cores. O mundo mágico da imaginação se concretizará diante dos seus olhos. Alice, estará na Cidade das Maravilhas.
Por falar em mundo mágico, também esta semana conheci um mundo extraordinário, um mundo onde tudo é possível. O mundo mágico da imaginação, onde o impossível se materializa diante dos nossos olhos.
Estava indo a uma reunião chata, quando de repente fui abduzido, quando voltei a mim estava numa reunião, mas diferente. Lá, no mundo mágico daquela organização, existem super-poderes. Ali uma pessoa pode transformar um balanço deficitário em superavitário num piscar de olhos. Eu mesmo testemunhei um super-gênio em ação, só com o poder das suas palavras mudou uma situação de pré-falência em uma situação de vigorosa saúde financeira. Também vi um grupo de homens super-poderosos, que fizeram uma dívida monstruosa desaparecer num passe de mágica, de repente o balanço dava conta de um índice de liquidez corrente digna das empresas mais robustas do mundo. E mais vi pessoas que causaram sérios danos serem elogiadas porque uma fada madrinha as transformou em pessoas altamente capazes, eficazes e eficientes.
Como em toda história infantil ao final da reunião ouvi aquela frase: "e foram felizes para sempre". Apaguei, quando me dei conta tinha voltado, como Alice voltei do mundo subterrâneo e cá estou, confuso. Não sei se foi real ou se é só fruto da minha imaginação. Bem que gostaria que fosse de verdade. É tão difícil encarar a a vida como ela é. "O que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem?"
Quanto àquela reunião que eu deveria ter ido, aquela dos relatórios chatos e negativos, que bom que não fui, ao menos não me deprimi não perdi a esperança. Prefiro os relatórios da fantasia, o mundo do faz-de-conta da minha reunião no mundo mágico, aos relatórios deprimentes da vida real.
Quanto à mim me resta acordar bem cedo no domingo e sonhar de novo, desta feita levando minha filha linda pra que ela também tenha seu dia de fantasia vendo seus personagens favoritos no desfile da Disney ... será que o Pinóquio vem???

segunda-feira, 22 de março de 2010

MINHA MORTE

Confesso que morrer não está nos meus planos, embora saiba que é impossível evitar o encontro com a senhora vestida de cetim. Fiz um acordo com ela: não falo mal dela e ela só virá me buscar quando eu cansar de viver, quando o corpo não acompanhar mais a mente ou quando a mente também tenha se desgastado e perder a sua função. A idéia de morrer me assombra. Não que tenha medo do que há de vir, mas é resistência em deixar coisas e pessoas que tenho por preciosas e não gostaria de me separar, mesmo que as promessas acerca do lado de lá me façam acreditar que lá é muito melhor. Certamente é melhor, mas prefiro pessoas a lugares, o céu será ter as pessoas que amo bem pertinho de mim, portanto enquanto puder preservá-las ao meu lado, prefiro não ir. Aqui recorro ao teólogo Mario Quintana: “Morrer: Que me importa? O diabo é deixar de viver”.
Embora esteja seguro acerca do tempo da minha morte e do que me espera do outro lado da jornada, duas outras preocupações me inquietam. Na minha ingenuidade juvenil não as inclui na negociação com a senhora da foice. A primeira é o momento. Será que terei tempo de concluir as tarefas planejadas? Será que terei tempo de fazer o elogio à pessoa querida? Será que irá me esperar perdoar ou ser perdoado? Terei tempo para a última dança? Terei tempo de ver e de me despedir das pessoas amadas? Terminarei de ler aquele livro? A segunda, e não menos importante, é a forma da minha morte. Como diz o Pedro Bial: morrer é ridículo. Na linguagem do poeta a forma da minha morte é “uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida”. Não sei o que seria pior: uma morte súbita ou uma morte anunciada, de sofrimento prolongado. Um acidente com sua fatalidade instantanea ou uma enfermidade cronica e mui dolorosa. O fato é que morrer seja por deixar de viver, seja pelo momento ou pela forma, não está nos meus planos. Gostaria que colocassem num memorial dedicado à minha existência: morreu à contragosto.
Mas pra que não termine de forma melancólica esta minha fala devo dizer que a morte é o alívio necessário quando viver é só sofrimento, quando não há mais o que, nem porque se aprender algo novo. Há um momento na vida em que morrer não é tão ruim. aliás ousaria dizer com Gilberto Gil: “Se a morte faz parte da vida / E se vale a pena viver / Então morrer vale a pena / Se a gente teve o tempo para crescer / Crescer para viver de fato / ato de amar e sofrer / Se a gente teve esse tempo / Então vale a pena morrer / Quem acordou no dia / Adormeceu na noite / Sorriu cada alegria sua / Quem andou pela rua / Atravessou a ponte / Pediu bênção à dindinha lua / Não teme a sua sorte / Abraça a sua morte / Como a uma linda ninfa nua”.
Até lá, me recuso a morrer, aliás este assunto nem está nos meus planos pelos próximos 61 anos. Portanto a mim me resta viver tudo quanto há pra viver, me permitir não perder tempo com coisas pequenas e amar muito ...

terça-feira, 16 de março de 2010

O MINISTÉRIO DA SAÚDE AVISA: ROUBAR FAZ BEM À SAÚDE ... DOS CORRUPTOS

Aromaterapia, arteterapia, cromoterapia, risoterapia e urinoterapia são algumas das respostas terapêuticas alternativas aos males que assolam o homem pós-moderno. O estresse, a angústia, o mêdo, toda sorte de fobias e ansiedade são males cada vez mais presentes no dia à dia da humanidade e a busca de paliativos e até de cura para tais males tem feito surgir tantas terapias.
Por serem alternativas têm sido alvos de acusações e insinuações de que tais "terapias" não teriam comprovação científica, embora os seus "usuários" possam atestar a sua eficácia.

Diante desta babel terapêutica ousaria revelar a mais nova e eficiente terapia para políticos: ladroterapia ou o seu genérico rouboterapia. Não quero o mérito pela descoberta da terapia, mas apenas o sistematizador das conclusões daquilo que já é senso comum.

Nem preciso me estender muito e nem citar tantos casos cuja notoriedade atestam a eficácia e obrigam os cientistas a refeltirem sobre o tema. Basta observar os pouquíssimos casos de colarinhos brancos que foram parar atrás das grades e perceber que tão logo são pegos, seus esquemas denunciados e eles encurralados que aparecem advogados para argumentar e médicos para justificar que o fato de ficar longe da ladroagem tais pessoas passam mal, com risco de morte.

Quando ficou preso pelo desvio de centenas de milhões o Juiz Lalau apareceu na mídia com ar cadavérico, em nada lembrando o esperto e macabro sugador do dinheiro público, e para confirmar sua decadência aparece uma equipe médica que atesta sua quase morte, por estar sem roubar por mais de 30 dias. Embora depois de ter sua prisão convertida em prisão domiciliar, ficando portanto mais perto dos objetos obtidos com o produto do seu "trabalho sujo", nunca mais se tenha ouvido falar de males que assolem o ex-magistrado. Agora é a vez do Arruda, depois de 40 dias longe da grana do panettone, descobriu que a distância forçada das armações, das roubalheiras e da corrupção acabaram por obstruir em 50% uma artéria.

Eu ouso propor a terapia que curará o ex-Dem, Quase Ex-Governador, assim como curou o Lalau, e que desobstruirá não apenas a artéria, mas que lhe trará saúde plena e paz para toda a sua família. Soltem o Arruda, deixem o homem fazer umas falcatruas, roubar, desviar e ficará provado que em duas semanas ele estará absolutamente curado e não precisará mais de médico.

Vamos preservar os corruptos, não acabem com seu habitat, não os criem em cativeiro, assim eles têm dificuldade de sobreviver e de procriar.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A ÉTICA DO DEM

Quando o assunto é corrupção política nenhuma cidade ganha de Brasília, por razões óbvias, lá está o supra-sumo da 'esperteza' política de cada estado brasileiro. Mas Brasília conseguiu se superar e agora é capaz de mostrar que além de importadora é produtora e exportadora de corrupção e de que os seus corruptos são SEMP TOSHIBA: mais criativos que os corruptos dos outros. Os corruptos de Brasília conseguem unir o moderno: dinheiro na meia, propina do panetone, com a tradicional corrupção coronelista brasileira: compra de testemunhas, intimidação, falsificação, obstrução das investigações e tentativa de atrapalhar o andamento do processo na justiça.
Corrupção em Brasília já não dá ibope, não chega a causar surpresa nem na Pollyanna. Os valores envolvidos já não causam espanto. São sempre milhões. Todos sabemos que os valores surrupiados são suficientes para construir milhares de casas populares, minimizando o eterno déficit habitacional brasileiro, ou comprar equipamentos que saneariam o problema de saúde no Brasil. São sempre valores astronômicos. Mas duas coisas são de causar surpresa quando o assunto é corrupção política no Brasil.
A primeira, é a desmemorização do povo, o Arruda já tinha sido acusado de corrupção e teve que renunciar ao mandato para não ser cassado e perder os direitos políticos por quase uma década. No ano seguinte à sua renúncia voltava ao parlamento como deputado federal e quatro anos depois é eleito em primeiro turno governador do DF, com mais de 50% dos votos válidos. Será que somos masoquistas? Será que encaramos os políticos como um mal necessário e como justiceiros divinos, usados pelo Criador, para nos punir por nossos pecados nesta ou noutras vidas? Alguém já afirmou: “povo desmemoriado, povo vilipendiado”.
A segunda coisa que me chama atenção é a ética dos partidos. Neste caso do DEM, partido dos corruptos de Brasília. Numa tentativa de parecer um partido sério e que não tolera a corrupção, o DEM tão logo percebe que um dos seus filiados tem o seu modus operandi corrupto descoberto, e que haverá prejuízo à imagem do partido e que sua reputação poderá ficar manchada, resolve desfiliar o dito cujo. E com isso esperam que as reportagens dali por diante se refiram ao meliante como um “sem partido”. Fico imaginando se uma empresa aérea resolvesse usar do mesmo expediente após a queda de um dos seus aviões e com medo da sua imagem ficar machada e sua credibilidade afetada e com isso perder clientes, ordenasse que alguém corresse ao local do acidente e apague a logomarca da empresa da fuselagem do avião caído, desfiliando-o da companhia. A imprensa a partir daquela hora deverá se referir ao acidente como o acidente do avião sem companhia. Apesar dessa atitude estética isso não melhoraria em nada nem a segurança dos vôos, nem melhoraria a imagem da companhia perante os passageiros que tivessem um QI mediano. O que traria resultado mais significativo e duradouro seria a companhia aérea prezar pela aquisição de aeronaves mais confiáveis, confortáveis e seguraras, prezar por uma boa manutenção nos equipamentos existentes e assim garantir que não tenhamos mais notícias de acidentes que sempre deixam famílias chorando a dor da perda de entes queridos. Da mesma sorte o DEM deveria, antes de querer descolar a sigla partidária do corrupto apanhado em pleno ato de corrupção, prezar, ainda que com prejuízo eleitoral momentâneo, por filiar pessoas cujo histórico de vida não incluíssem cassação, condenação judicial ou comprovada inidoneidade moral.
A verdadeira, pior e mãe de todas as ‘corrupções’ é a hipocrisia, a dissimulação. A ética do DEM é a ética da hipocrisia, que não trata por dentro, nem de dentro pra fora. É a ética da indignação aparente. É o arrependimento não pelo pecado cometido, mas a confissão por ter sido pego, por se ver exposto e não ter como negar o crime cometido, bem no estilo Arruda quando apanhado no escândalo do painel junto com ACM, cacique do DEM, outrora travestido de PFL. A coisa mais deplorável desse episódio todo não é o crime do Arruda e dos seus asseclas, por isso já esperávamos, já sabíamos que aconteceria, pois é inerente à maioria dos políticos brasileiros independentemente de partido. A pior e mais grave corrupção e que ainda causa alguma indignação é a hipocrisia dos paladinos da moralidade com sua ética do DEMO.